São Paulo, sexta-feira, 26 de março de 2004

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GUERRA SEM LIMITES

UE anuncia medidas de combate ao terror, que visam proteger o continente de ataques como os de Madri

Europa cria coordenador antiterrorismo

DA REDAÇÃO

Os líderes políticos da União Européia apontaram ontem seu primeiro coordenador antiterrorismo e concordaram em intensificar a cooperação entre seus serviços de inteligência, num momento em que os europeus demandam uma melhor rede de proteção contra o terrorismo.
Em resposta aos atentados de Madri, que mataram 190 pessoas e ocorreram em 11 de março último, os líderes europeus também criaram uma cláusula de solidariedade entre os países-membros da UE, que chegarão a 25 em 1º de maio, quando ocorrerá a expansão para o leste do continente. Segundo essa cláusula, se um país da UE for alvo de um atentado terrorista, todos os membros do bloco se sentirão atacados.
"Não haverá fraqueza nem nenhum tipo de concessão em nosso esforço para lidar com terroristas. Nenhum país do planeta pode considerar-se livre do terrorismo. Este só poderá ser derrotado pela solidariedade e por ações em conjunto", disseram os líderes europeus num comunicado oficial.
Eles aprovaram a indicação do holandês Gijs de Vries, 48, para o posto de coordenador antiterrorismo europeu, cuja principal função será evitar que a burocracia existente em cada país atrapalhe a cooperação entre as diversas agências nacionais -considerada a pedra angular do combate ao terrorismo pelos europeus.
Os atentados de Madri mostraram, segundo constatação dos líderes europeus, que a UE ainda precisa melhorar suas estruturas de combate ao terrorismo. Embora várias medidas tenham sido tomadas após o 11 de Setembro, como a criação do mandado de prisão europeu, algumas delas ainda não estão em vigor em todos os países do bloco.
"Precisamos garantir que, na UE, tudo o que possa ser feito será posto em prática para proteger nossos cidadãos. Nosso objetivo é fazer com que a guerra ao terrorismo seja mais eficaz", declarou Bertie Ahern, premiê irlandês.
Os líderes se comprometeram a implementar, até junho, medidas de combate ao terrorismo aprovadas anteriormente, como as equipes de investigação conjunta.
Javier Solana, chefe da diplomacia da UE, recebeu a tarefa de apresentar, até junho, propostas para tornar mais eficaz o intercâmbio de informações entre os serviços secretos europeus e para intensificar a cooperação entre os serviços policiais e de segurança nacionais. Tudo isso, segundo os líderes europeus, é vital para combater atividades terroristas.
Os chefes de Estado e de governo europeus também exortaram os países-membros da UE a reforçar a segurança em portos, em aeroportos e em estações rodoviárias e ferroviárias.
Eles também pretendem criar legislações comuns para poder monitorar o que é dito ao telefone e o que é discutido via internet, visando dificultar a troca de informações entre células terroristas.
Outra medida tomada diz respeito à criação do passaporte "biométrico" europeu. Os líderes decidiram apressar o processo de criação do documento, que terá um chip contendo dados como foto e impressões digitais. Também foi decidida a criação de um banco de dados com informações sobre todos os estrangeiros que precisam de visto para entrar no bloco europeu.
Finalmente, os líderes europeus salientaram a importância do intercâmbio de informações com outros países que participam da guerra ao terror, como os EUA.


Com agências internacionais


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