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ARTIGO
Fé na democracia é a melhor defesa contra o terror
JAVIER SOLANA
ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"
Os ataques de Madri nos recordaram a força da ameaça terrorista à Europa. Como podemos reagir a ela, na condição de cidadãos
e de responsáveis políticos? Há
três conjuntos de respostas.
Em primeiro lugar, precisamos
aumentar a eficiência do contraterrorismo europeu. Desde o 11 de
Setembro, os governos melhoraram sua coordenação. Foram lançadas iniciativas úteis, a cooperação transatlântica foi fortalecida, e
foi empreendido um trabalho policial e de inteligência excelente.
Precisamos intensificá-lo.
Fora da Europa, precisamos
voltar a analisar as maneiras como podemos cooperar com outros países.
Onde pudermos ajudar nossos
aliados, fortalecendo suas capacidades de contraterrorismo, devemos fazê-lo. Se eles não se dispuserem a ajudar, isso vai colocar
em questão a base da parceria entre eles e nós.
Em segundo lugar, precisamos
manter firme nossa determinação
de compreender e fazer frente aos
fatores que estão por trás do terrorismo. Nenhuma causa justifica
o terrorismo, mas nada justifica
que se ignorem suas causas.
Está claro que existe uma margem fanática que está fora do alcance dos argumentos políticos.
Mas ela é alimentada por uma
grande reserva de insatisfação e
revolta.
Onde essas queixas são legítimas elas precisam receber tratamento, não apenas porque isso é
questão de justiça, mas também
porque o trabalho de ""drenar o
pântano" depende disso.
O terrorismo não vai -e não
deve- fazer avançar as aspirações legítimas da população palestina. Mas um esforço determinado da comunidade internacional para tratar tais aspirações com
os palestinos que rejeitam a violência representaria um golpe pesado contra o terrorismo. Ao
mesmo tempo, precisamos lutar
pela estabilidade regional, a boa
governança e o Estado de Direito.
Em terceiro lugar, todos nós,
como cidadãos europeus, podemos e devemos defender nossas
democracias, exercendo e defendendo os direitos que nos são caros. Um clima de medo e repressão é o que os terroristas buscam
criar. A fé na democracia é a melhor arma de nossa defesa.
Aqueles que enxergam na Europa um novo clima de busca de
conciliação, de aplacar o terrorismo, estão enganados.
No dia seguinte às explosões em
Madri, eu fui às ruas da cidade ao
lado de mais de milhões de outras
pessoas. O clima dominante não
era de medo. Era de determinação
tranqüila -a determinação de
render homenagem aos mortos,
de prevalecer sobre o terrorismo,
de defender a democracia.
Na Espanha, assim como em toda a Europa, as pessoas estão unidas na determinação de fazer
frente ao terror. Ao mesmo tempo, também ocorre uma discussão política legítima sobre como
melhor proceder nessa luta. Suspender essa discussão equivaleria
a trair a democracia.
Javier Solana é o chefe da diplomacia
da União Européia
Tradução de Clara Allain
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