São Paulo, terça-feira, 26 de abril de 2005

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PERFIL

Palacio é médico e diz que seu país estava em coma

DA REDAÇÃO

Alfredo Palacio, 66, o vice-presidente que assumiu o lugar de Lucio Gutiérrez, é um cirurgião que habitualmente usa metáforas médicas para dar suas opiniões políticas -para ele, Gutiérrez, por exemplo, era uma "doença que afligia a nação".
Palacio tornou-se o 11º presidente do Equador desde que o país voltou à normalidade democrática, em 1979. Ele entrou para a vida pública como ministro da Saúde entre 1992 e 1996, no governo do presidente conservador Sixto Duran Ballen.
Evitou fazer política declarada até que Gutiérrez o convidou para ser seu companheiro de chapa nas presidenciais de 2002. Mas foi um candidato atípico. Durante a campanha, dizia aos jornalistas que era independente e que desaprovava o partido de Gutiérrez.
Em janeiro de 2003 o então vice-presidente já se pronunciava como um homem da oposição, sobretudo com relação à política econômica do chefe de Estado. Criticou suas concessões aos credores internacionais, sobretudo a supressão dos subsídios aos alimentos, recomendada pelo FMI. O vice reivindicava, ao contrário, o resgate da dívida social com os mais pobres e a implementação de um sistema universalizado e gratuito de saúde.
A relação estremeceu quando, em dezembro último, Gutiérrez, por maioria simples do Parlamento unicameral, afastou os juízes da Corte Suprema.
Em seguidas entrevistas, o vice-presidente lançou apelos para que os equatorianos protestassem e declarou que o país estava se aproximando de uma ditadura. Qualificava os partidários de Gutiérrez de "traidores" e "conspiradores".
Utilizando mais uma vez uma metáfora clínica, disse que "o Equador está numa UTI e precisa passar por uma cirurgia". Foi quando Gutiérrez implantou o estado de emergência, depois de, por decreto, destituir de seus cargos os novos integrantes da Corte Suprema.
Na última quarta-feira, horas antes que o Parlamento votasse a destituição de Gutiérrez e empossasse o vice-presidente em seu lugar, este disse aos jornalistas que, se antes o país estava na UTI, ele agora se encontrava em estado de coma.
Ele é casado com María Paret Lértora e pai de um filho e três filhas.


Com agências internacionais

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