|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RÚSSIA
Em seu Discurso sobre o Estado da União, presidente chama fim da URSS de "a maior tragédia geopolítica do século" passado
Putin lamenta colapso da União Soviética
DA REDAÇÃO
Usando uma linguagem veemente, o presidente da Rússia,
Vladimir Putin, lamentou ontem
o colapso da URSS e afirmou, em
seu Discurso sobre o Estado da
União, no Parlamento, que isso
foi "a maior catástrofe geopolítica
do século" passado.
Em seu discurso anual para os
parlamentares, o alto escalão do
governo e líderes políticos, considerado o mais importante do ano,
Putin também tentou acalmar investidores internacionais, que estão inquietos com o clima para investimentos estrangeiros no país.
Vale lembrar que, amanhã, sairá o
veredicto do caso contra Mikhail
Khodorkovsky, o ex-dono da gigante do petróleo Yukos que é
acusado de evasão fiscal e fraude.
Mas suas afirmações sobre o fim
da URSS e sobre seus efeitos sobre
os russos -no país e no exterior- pareceram ecoar decisões
políticas anteriores sobre símbolos da era soviética. Além disso,
elas foram feitas apenas duas semanas antes da comemoração do
60º aniversário do fim da Segunda
Guerra na Europa -um conflito
que os russos chamam de a "grande guerra patriótica".
Num discurso de 50 minutos,
Putin evitou mencionar a necessidade de trabalhar mais estreitamente com outras ex-repúblicas
soviéticas e fez apenas uma referência breve ao tratamento dado
às minorias russas nas ex-repúblicas da URSS. Normalmente, ele
dava mais ênfase ao tema em seu
discurso anual.
"Primeiro e antes de tudo, vale a
pena reconhecer que a morte da
URSS foi a maior catástrofe geopolítica do século. No que se refere aos russos, ela se tornou uma
verdadeira tragédia. Dezenas de
milhares de nossos concidadãos
se encontraram além das fronteiras do território russo. E a epidemia do colapso chegou até a própria Rússia", disse o presidente.
Com freqüência, a Rússia reclama do tratamento dado a suas minorias em outras ex-repúblicas
soviéticas, sobretudo nos países
bálticos -a Estônia, a Letônia e a
Lituânia. Nenhum dos três países
reagiu às afirmações de Putin
imediatamente.
Porém o chanceler da Polônia,
Adam Rotfeld, disse que discordava da análise de Putin. "Para
mim, o maior evento do século 20
foi o colapso da URSS, que completou o processo de emancipação das nações", afirmou Rotfeld,
em Luxemburgo.
A celebração do Dia da Vitória
em 9 de maio próximo, em Moscou, será uma enorme festa para a
Rússia. Dezenas de chefes de Estado e de governo já confirmaram
sua presença no evento, incluindo
o presidente dos EUA, George W.
Bush, o da França, Jacques Chirac, e o premiê do Reino Unido,
Tony Blair.
Operários trabalham sem parar
para preparar a capital para o
evento, e filmes sobre a Segunda
Guerra são a principal atração noturna nas TVs estatais russas.
Putin, que chegou a ser coronel
da KGB (a polícia secreta soviética), já foi responsável pela ressurreição de alguns símbolos soviéticos, como a bandeira vermelha
-sem a foice e o martelo. Ela é
hoje a bandeira militar.
Democracia
O presidente disse ainda que a
Rússia se mantém comprometida
com a democracia, mas salientou
que seu modelo democrático é
singular e não pode ser comparado com o de outros países.
Nesse sentido, boa parte do discurso de Putin teve como objetivo
mostrar aos investidores internacionais que as leis são respeitadas
na Rússia e que eles podem confiar nas "regras do jogo".
Ele disse aos fiscais federais que
não "aterrorizem os empresários"
e repetiu um pedido para que o
tempo para contestar privatizações passe de dez anos para três
anos. Empresas estrangeiras precisam de "regras do jogo" sobre
quais setores da economia russa
estão abertos a investimentos externos, afirmou Putin.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Tragédia: Mortos em acidente de trem no Japão vão a 73 Índice
|