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100 DIAS DE OBAMA
Democrata desfaz legado de Bush, mas economia empaca
Aos 100 dias de governo, na próxima quarta, presidente dos EUA impõe agenda e imagem, mas tem desempenho misto
Hiperativo na política externa, Obama propõe guinada em prioridades domésticas; crise econômica tarda a responder a pacotes
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Segundo o "obamômetro" do
PolitiFact, tabela criada pelo site de vigilância política que foi
ganhador do prestigioso prêmio Pulitzer de 2009, Barack
Obama cumpriu 27 de suas
promessas de campanha, quebrou 6, está trabalhando em 61
e ainda não fez nada em relação
a 410 delas nos primeiros cem
dias de Presidência, que se
completam na quarta.
Dá uma promessa cumprida
a cada três dias úteis, um feito
numericamente notável. A
marca ganha mais importância
quando se disseca cada uma das
ações realizadas, principalmente nos campos de política
externa e doméstica. Nessas
áreas, o democrata passou os
primeiros meses de sua presidência desfazendo o que o republicano George W. Bush fez.
Internacionalmente, anunciou os planos de retirada do
Iraque e de escalada no Afeganistão, abriu diálogo com países como o Irã, parte do "eixo
do mal" do antecessor, eliminou as restrições de viagem, remessa de dinheiro e comunicação entre cubanos-americanos
e seus parentes que moram na
ilha caribenha, refez relações
estremecidas com França e
Alemanha e ensaia descongelamento com a Rússia.
Em casa, propôs um Orçamento que, mesmo com as perdas pontuais que a discussão
atual no Congresso indica,
marcará uma guinada social e
ambiental dos gastos do governo, a ser paga por mais impostos para ricos e empresas poluidoras. Aprovou um pacote de
estímulo de US$ 787 bilhões
-ou "meio Brasil"- e assinou
medida que na prática libera
pesquisas com células-tronco
bancadas pelo governo.
Mandou fechar a prisão militar de Guantánamo e os centros
de detenção secretos da CIA no
exterior, proibiu as chamadas
"técnicas avançadas de interrogatório", eufemismo para tortura, e as "transferências extraordinárias", envio de prisioneiros para países onde correm
o risco de ser torturados, quatro símbolos da Era Bush. Divulgou memorandos que autorizavam as práticas de exceção,
o que suscita um debate acalorado.
Embora parte dessas iniciativas ainda não tenha resultados
práticos, com elas Obama conseguiu impor um estilo e um ciclo noticioso majoritariamente
positivo. É na crise econômica,
no entanto, que está hoje seu
ponto mais fraco.
Sob o democrata, o índice de
desemprego passou de 7,2%
para 8,5% -a cada dia que Obama dormiu como presidente,
20 mil pessoas em média foram
demitidas. A crise financeira
que deu início à recessão atual
resiste, e o uso do dinheiro
aprovado pelo Congresso ainda
sob Bush não foi devidamente
fiscalizado por Obama, como
mostrou o escândalo dos bônus
de executivos de empresas auxiliadas pelo governo.
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