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Premiê aposta em fracasso dos palestinos
TIMOTHY HERITAGE
DA REUTERS, EM JERUSALÉM
A aprovação do "roteiro para a
paz" por Israel ontem removeu
um obstáculo para encerrar o
conflito contra os palestinos, mas
há muitos desafios pela frente.
Embora o gabinete israelense
tenha votado pela primeira vez
uma eventual criação de um Estado palestino, foram reafirmadas
pelos ministros as reservas em relação ao plano e os dois lados continuam divergindo sobre temas
cruciais que há tempos têm bloqueado os acordos de paz.
Ao apoiar o plano, um dos objetivos iniciais do premiê israelense,
Ariel Sharon, é satisfazer os EUA,
principal aliado de Israel.
O primeiro-ministro também
estaria apostando no fracasso dos
palestinos de cumprirem a sua
promessa de combater os grupos
terroristas, dando a Israel a licença para não levar adiante qualquer exigência de congelar as
construções de assentamentos judaicos nos territórios palestinos.
"Sharon acredita que os palestinos irão implodir o processo de
paz com atentados terroristas. Assim ele não precisará congelar os
assentamentos", diz Menachem
Klein, pesquisador do Instituto de
Estudos de Israel, em Jerusalém.
"E isso talvez ocorra. Estou certo de que radicais nos dois lados
irão ajudá-lo [a Sharon] e sua tarefa será mais fácil", acrescentou.
Sharon não pode desafiar os desejos dos EUA, que concede ajuda
anual de US$ 3 bilhões ao país. Especialmente em um momento em
que Israel enfrenta uma grave crise econômica.
"[A aprovação do plano] evita
um conflito com os EUA, o que é
importante para Sharon, e também divide a responsabilidade
com os palestinos", disse Gerald
Steinberg, na Universidade Bar
Ilan. "Os palestinos irão agora desarmar os grupos terroristas e
acabar com a violência? As expectativas são muito baixas."
O gabinete israelense também
votou ontem a rejeição a qualquer
direito de retorno para o que hoje
é Israel de palestinos que deixaram ou foram forçados a sair
quando o Estado judeu foi criado
em 1948.
O "roteiro para a paz" não afirma que os refugiados palestinos
devem ter o direito de retorno.
Porém diz que "deve ser encontrada uma solução realista para o
tema dos refugiados" na fase final
do plano.
Os palestinos há muito tempo
têm exigido o direito de retorno
nas negociações de paz. E também não tem havido progresso
em outros temas centrais das negociações, como o controle sobre
Jerusalém e o desmantelamento
dos assentamentos judaicos.
As diferenças nesses temas devem tornar o progresso no plano
de paz difícil. E devem reduzir as
esperanças de paz no longo prazo.
"É importante prestar atenção
no que o gabinete disse sobre os
refugiados", afirma Steinberg.
"Não há sinal de movimento em
nenhum dos temas cruciais."
Os palestinos temem que Israel
esteja buscando uma maneira de
não implementar o "roteiro para
a paz". Já os israelenses duvidam
que os palestinos cumpram a sua
parte do plano.
Os palestinos exigem o fim dos
bloqueios militares israelenses
nas áreas palestinas, a libertação
de prisioneiros e o fim das ações
regulares do Exército israelense
na Cisjordânia e na faixa de Gaza,
que têm ocorrido desde o início
da Intifada, em setembro de 2000.
Autoridades palestinas deram
declarações ontem afirmando
que de nada adianta a aprovação
do plano de paz pelo gabinete israelense se não houver ações práticas de Israel.
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