São Paulo, quarta-feira, 26 de maio de 2004

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ARGENTINA

Pesquisa divulgada no 1º aniversário do governo, mostra sua popularidade elevada, apesar do aumento da criminalidade

Após 1 ano, Kirchner é aprovado por 79,4%

Ali Burafi/France Presse
O presidente Néstor Kirchner cumprimenta simpatizantes em Buenos Aires; pesquisa mostra que ele conta com o apoio de 79,4%


CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

Um ano após assumir o cargo, Néstor Kirchner, o presidente que se elegeu com 21% dos votos, conta com o apoio de quase 80% dos argentinos. Segundo pesquisa do Centro de Estudos de Opinião Pública (Ceop) encomendada pelo jornal "Clarín" e divulgada ontem, primeiro aniversário do governo, 79,4% avaliam o presidente como muito bom.
Mas a preocupação com a segurança ultrapassou o medo do argentino de ficar desempregado. Há uma ano, 46,8% disseram que a criminalidade era a maior preocupação, 68,9% apontaram o desemprego como o maior medo.
Neste ano, 64,1% disseram que a insegurança é um dos maiores problemas dos país, 60,4% apontaram o desemprego como a maior preocupação. A criminalidade vem aumentando na Argentina. O número de seqüestros é um exemplo. Em 1999, foram oito. Em 2003, houve 390.
Em 2002, o PIB (total de riquezas) argentino caiu 11%. Em 2003, houve crescimento de 8,7%.
O aumento da violência não atingiu a popularidade do presidente. A pesquisa do Ceop mostra que 15,4% dos argentinos avaliam Kirchner como regular e só 4,8% como ruim ou muito ruim. Ele é mais bem avaliado que o governo. Dos entrevistados, 59,7% disseram que o governo é muito bom, 32,8% avaliaram como regular e 6,6% como ruim ou muito ruim.
Kirchner deu uma resposta rápida, ainda que polêmica, ao aumento da violência. Em abril, anunciou um plano de segurança que aumentou o efetivo das forças policiais e prevê a criação de uma espécie de FBI argentino e a diminuição da idade de imputabilidade de penas para os 14 anos.
Ele promoveu medidas de impacto na área dos direitos humanos ao transformar em museu a Escola Mecânica das Forças Armadas e pedir perdão em nome do Estado às vítimas da ditadura.
Em maio de 2003, Kirchner provocou uma troca radical dos juízes da Suprema Corte e substituiu a cúpula das Forças Armadas. Negociou duro com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e bateu o pé com os credores do país a quem prometeu pagar 75% da dívida em moratória, que já soma cerca de US$ 100 bilhões.
Suas atitudes nas negociações com o FMI e com os grupos econômicos foram apontadas por 21% entrevistados como suas melhores medidas, seguidas pela mudança na Suprema Corte, que teve 20% das respostas.
A crise energética, que há cerca de dois meses começou a minguar os bons resultados da economia, foi apontada por 13% dos entrevistados como o pior resultado de Kirchner e as políticas sociais foram mal avaliadas por 9%.
O estilo briguento de Kirchner é o que lhe garante a governabilidade. Sem base de apoio nas Províncias, ele conta basicamente com o apoio da população. Seu partido, o justicialista, está dividido, e o presidente trava uma disputa pela liderança no peronismo como ex-presidente Eduardo Duhalde, que tem ampla base de apoio nas Províncias e no Congresso.
A popularidade de Kirchner mostra também o esvaziamento da oposição na Argentina. Se as eleições fossem realizadas hoje, 74,4% dos entrevistados votariam em Kirchner, de acordo com a pesquisa. Elisa Carrió, fundadora do ARI (Argentina por uma República de Iguais), ficaria em segundo lugar, com 11% dos votos. O líder do Recrear, Ricardo López Murphy, ficaria com 7%. O ex-presidente Carlos Menem seria o último, com 4,6%.


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