São Paulo, quinta, 26 de junho de 1997.



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Atuação como divulgador de ciência supera a de pesquisador

da Reportagem Local

Para parte dos ambientalistas, uma dos mais importantes contribuições de Jacques-Yves Cousteau foi o de divulgador da ciência.
Seus filmes, em um momento em que ecologia não era uma atitude -ou ideologia- minimamente populares, levaram, por meio de filmes para a TV, a "conscientização" à classe média.
Mas em sua terra natal, a França, Cousteau não é apenas visto como um cineasta, mas também como um cientista.
A oscilação entre dois campos (o do diretor e do pesquisador) fez com que muitos vissem na figura de Cousteau um artista visionário, que acreditava em um futuro de pessoas vivendo em cidades submarinas, as "casas do fundo do mar", e bem distante do rigor científico.
Um homem que estaria, enfim, mais próximo de Jules Verne -e sua crença literária no amanhã- do que de qualquer aplicado estudioso.
Durante a década de 50 o Estado francês forneceu verbas para que Cousteau e sua equipe tentassem realizar a utopia de "uma terra sem sol" para o novo homem. O projeto não funcionou.
Essa "alucinação" continua nos anos 60 e 70, com Cousteau tentando desenvolver maquinários e formas alternativas de energia, se aproveitando de um certo pânico das nações da Europa durante a chamada crise do petróleo. A idéia, ainda, era que o homem vivesse debaixo d'água.
Mais uma vez, não funcionou. E milhões de dólares permaneceram sem retorno.
Restaram então seus filmes e seu contato com homens, peixes e lugares. O cineasta bem visto no lugar do cientista fracassado.



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