São Paulo, quinta, 26 de junho de 1997.



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Colaborador relata métodos

de Paris

Em nome da observação e da curiosidade, Jacques Cousteau se recusava a fazer planejamentos detalhados de suas expedições.
Quem conta é François Sarano, pesquisador que viajou ao lado de Cousteau no Calypso entre 82 e 94, ano em que o capitão fez sua última expedição (a Madagascar, África).
Sarano é co-autor do livro "L'Île des Esprits - Madagascar" ("A Ilha dos Espíritos - Madagascar"), em que é relatada a expedição.
"Ele dizia que o fundamental é olhar, observar. Para ele, o planejamento não era tão importante", disse Sarano à Folha.
Para o pesquisador, esse é o principal legado de Cousteau. "Milhões de pessoas mudaram sua maneira de ver a natureza e o mar graças aos filmes e livros elaborados por ele."
A preocupação em manter a equipe atenta a tudo o que se passava em volta dela era uma constante durante todas viagens do grupo, conta.
"O clima era extremamente democrático, a gente conversava sobre tudo e trocava muitas idéias. Como ficávamos muito tempo junto, uma grande intimidade era inevitável."
Em geral, a tripulação do Calypso era composta por 25 pessoas, incluindo Cousteau e o capitão Albert Falco.
Eram realizadas, em média, quatro expedições por ano, mas dependendo da duração de cada uma o número de viagens poderia ser reduzido.
"No ano em que passamos meses na China, não deu para realizar outra", contou Sarano.
O pesquisador retruca as críticas de que Cousteau teria usado a mídia em excesso e de maneira indevida, com uma provocação.
"Essa pessoas provavelmente passaram a se preocupar com o meio ambiente por causa dos filmes de Cousteau."
Para Claude Wesly, também membro da equipe do Calypso, os lados aventureiro e humanista são os mais significativos para a memória do capitão Jacques Cousteau.
"Ele foi muito importante para mostrar o planeta e os oceanos às crianças, que o adoravam", disse Wesly em entrevista à TV francesa.
Maurice Dessemond, outro membro da equipe, afirmou que Cousteau tornou realidade o sonho do escritor Jules Verne de tornar possível a permanência do homem no fundo do mar.
(MARTA AVANCINI)



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