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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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PAZ SOB ATAQUE

Presidente pede fim dos grupos terroristas, que desmentiram cessar-fogo; Israel mata quatro palestinos

Bush exige desmantelamento do Hamas

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que uma possível declaração de cessar-fogo do Hamas e de outros grupos terroristas palestinos não será suficiente para alcançar a paz e que é preciso desmantelá-los.
A afirmação foi feita em meio a mais um dia de anúncios e desmentidos de uma trégua dos grupos terroristas. Ações militares israelenses na faixa de Gaza mataram quatro palestinos.
"Uma coisa é fazer um acordo verbal [de cessar-fogo]. Mas, para alcançarmos a paz no Oriente Médio, precisamos ver organizações como o Hamas serem desmanteladas", disse Bush. "O verdadeiro teste para o Hamas e para os outros grupos é o completo desmantelamento de suas redes terroristas, de sua capacidade de implodir o processo de paz."
O presidente pediu ainda que a União Européia corte os fundos de financiamento ao Hamas e coloque a ala política do grupo na lista de organizações terroristas.
O pedido do presidente foi feito em encontro, em Washington, com o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, e com o premiê grego, Costas Simitis, cujo país exerce a Presidência rotativa da União Européia. A França se opõe à colocação do braço político do Hamas, que realiza ações assistencialistas, na lista. O braço armado já faz parte dela.
Apesar das declarações de Bush, o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, afirmou que qualquer ato que reduza a violência, como o cessar-fogo, "é um passo na direção correta". "Mas apenas um passo", ressaltou o porta-voz.
Membros da ANP dizem, porém, que os EUA aceitaram o argumento do premiê palestino, Abu Mazen, de que seu novo governo não é forte o suficiente para combater o Hamas agora. Uma ação nesse sentido, dizem, poderia levar a uma guerra civil. O objetivo da ANP, dizem analistas, não é combater o Hamas e os outros grupos, mas trazê-los para o campo de negociação política após obter concessões de Israel.
Israel manifesta ceticismo em relação ao possível cessar-fogo, afirmando que o objetivo dos grupos terroristas, sob ataque israelense, é se reagrupar para cometer mais atentados no futuro.
Autoridades palestinas afirmaram ontem que o Hamas e outros grupos haviam chegado a acordo para um cessar-fogo de três meses. A trégua incluiria o fim das ações terroristas inclusive dentro da Cisjordânia e da faixa de Gaza, ocupadas por Israel desde a guerra de 1967. Mas importantes lideranças do Hamas negaram o acordo. "Não sei nada sobre essas informações. Estamos em um processo de consultas. Todas as vezes que estamos perto de uma decisão, Israel age contra o nosso povo", disse Abdel Aziz Rantissi, líder político do Hamas ferido recentemente em ação israelense.

Ataques
Israel matou duas pessoas em disparo de mísseis feitos contra dois carros no campo de refugiados de Khan Younis, na faixa de Gaza. Os mortos são uma mulher e um militante do Hamas. O Exército disse que o objetivo era impedir o lançamento de morteiros contra Israel. Em outros choques na faixa de Gaza, outros dois militantes do Hamas foram mortos.
O ministro israelense Gideon Erza disse ao Parlamento que cresceu o risco de que o premiê Ariel Sharon seja alvo de um ataque de radicais judeus, segundo informações do Shin Bet (serviço de segurança interna de Israel).


Com agências internacionais


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