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ENTORPECENTES
Segundo a ONU, 200 milhões de pessoas usaram drogas no período 2000-2001; maconha é substância mais usada
Cresce uso de drogas ilegais no mundo
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
O uso de drogas ilícitas no mundo vem crescendo, apesar dos esforços mundiais de controle. Segundo dados de um relatório do
Escritório da ONU de Combate às
Drogas e ao Crime (Unodc), divulgado ontem, 4,7% da população mundial acima de 15 anos
consumiu drogas ilegais no período 2000-2001 -contra 4,3% na
média do período 1998-2000.
Em números absolutos, o uso
de drogas ilícitas cresceu, entre os
dois períodos, de 185 milhões para 200 milhões de pessoas.
A principal razão desse aumento foi o crescimento no número
de usuários de maconha (de 147,4
milhões para 162,8 milhões de
pessoas), que continua sendo a
droga mais largamente utilizada
no mundo.
Para o representante da Unodc
no Brasil e no Cone Sul, o italiano
Giovanni Quaglia, 52, o aumento
no número de usuários de drogas
não deve ser considerado um fracasso das políticas proibicionistas.
"Quando comparamos com o
consumo global de tabaco e álcool, que é de 40% e 60%, respectivamente, vemos que esses 4,7%
de consumo de drogas ilegais são
um percentual pequeno", disse,
acrescentando que uma eventual
descriminação ou legalização poderia elevar consideravelmente
esse percentual.
"Esse aumento de 0,4 ponto
percentual é um alerta",disse ele.
"Não dá para banalizar as drogas
consideradas mais leves, como a
maconha, o ecstasy ou as anfetaminas, porque o aumento verificado no consumo recente foi
principalmente em relação a essas
drogas, que são mais banalizadas
pela sociedade", afirmou.
De acordo com o relatório, 50%
dos países do mundo relataram
um aumento no uso de maconha
em 2001, contra apenas 14% que
registraram uma queda. No caso
das anfetaminas e do ecstasy, o
percentual de países que registraram aumento no uso foi de 46% e
33%, respectivamente.
Para Quaglia, o relatório mostra
que a situação hoje "está sob controle". "A pressão social e a pressão legal conseguiram manter o
consumo dentro de patamares relativamente baixos", disse. "Os
problemas hoje podem ser, de alguma forma, tratados dentro dos
sistemas de saúde e de educação
dos diferentes países."
Os EUA permanecem como os
principais consumidores de maconha e cocaína no mundo, mas,
ao contrário da tendência mundial, o consumo no país parou de
crescer. No caso da cocaína, pesquisas nos EUA mostram que o
uso em 2002 foi 15% menor que
em 1998 e cerca de 60% menor
que em 1985. O abuso no consumo da maconha, por sua vez, caiu
cerca de 10% em relação a 1997 e
30% em relação ao fim dos anos
1970.
Drogas sintéticas
O consumo de drogas sintéticas,
como anfetaminas e ecstasy, permaneceu estável em relação ao
ano passado, segundo o relatório,
interrompendo uma tendência de
aumento verificada nos anos anteriores. O aumento no consumo
das drogas sintéticas é considerado preocupante pela facilidade
com que elas são produzidas, já
que não são necessárias grandes
áreas de plantações como para a
produção das drogas tradicionais.
As drogas sintéticas são consideradas hoje pela Unodc como "o
inimigo público número um".
"Ao contrário das drogas tradicionais, feitas à base de plantas, as
drogas sintéticas são feitas com
produtos químicos facilmente
obtidos, em laboratórios improvisados", disse Antonio Maria Costa, diretor-executivo da Unodc,
em Viena. Segundo ele, isso torna
o combate "muito mais difícil".
Para Giovanni Quaglia, o uso
das drogas sintéticas hoje é "uma
questão de moda". "Assim como
vimos, nos anos 1960, o crescimento do uso de LSD e heroína ligado ao movimento hippie, hoje
há a cultura da música tecno, que
incentiva o uso de drogas como o
ecstasy", afirmou. "Essa situação
preocupa, porque vai mudar o
paradigma do combate às drogas.
A prevenção vai ganhar uma importância muito maior do que a
repressão", disse Quaglia.
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