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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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ÁSIA

O então presidente sul-coreano teria "ajudado" o vizinho em US$ 100 mi para ter reunião em 2000, pela qual levou o Nobel da Paz

Seul pagou a Pyongyang por cúpula, acusa promotor

Gong Yidong/Associated Press/Xinhua
Manifestação anti-EUA realizada ontem em Pyongyang, que reuniu mais de 1 milhão de pessoas


DA REDAÇÃO

Um promotor público especial da Coréia do Sul acusou ontem o governo do ex-presidente Kim Dae-jung (1998-2003) de pagar secretamente US$ 100 milhões à Coréia do Norte para assegurar a realização da histórica reunião de cúpula com o ditador norte-coreano, Kim Jong-il, em 2000.
O encontro foi fundamental para que o ex-presidente ganhasse o Prêmio Nobel da Paz.
O promotor Song não chegou a caracterizar a transferência do dinheiro como suborno, mas disse que a "ajuda" do governo para a Coréia do Norte estava relacionada ao evento e foi enviada em sigilo por meios "impróprios".
O ex-presidente tem admitido que seu governo aprovou transferência de dinheiro para a Coréia do Norte apesar de "problemas legais", mas afirma que essa decisão não deveria ser revista para garantir a paz entre os dois países. Ele não se manifestou ontem.
Song disse que a Hyundai enviou US$ 500 milhões para a Coréia do Norte, mas apenas US$ 400 milhões seriam da montadora sul-coreana, segundo ele. O restante da quantia, enviada pouco antes da cúpula, teria saído do governo da Coréia do Sul.
"Não pode ser negado que a transferência de dinheiro estava relacionada à reunião de cúpula", disse o promotor.
De acordo com a acusação, Park Ji-won, então ministro da Cultura de Kim e enviado especial à Coréia do Norte, se encontrou com assessores do governo comunista em abril de 2000 para negociar a cúpula. Durante a reunião, prometeu US$ 100 milhões.
Park, que está preso, foi indiciado por abuso de autoridade. O presidente da Hyundai Asan, Chung Mong-hun, e o ex-chefe da inteligência sul-coreana, Lim Dong-won, foram acusados de desrespeitar normas financeiras internacionais. Ainda não há data para o julgamento.
Mais de 1 milhão de norte-coreanos marcharam em Pyongyang para lembrar o 53º aniversário da Guerra da Coréia (1950-1953) e para protestar contra o "imperialismo" dos EUA, sob a coordenação do Partido Comunista e de membros do governo.
No mesmo dia, Japão, Coréia do Sul e EUA concordaram em enviar uma proposta à Coréia do Norte para fazer com que o país desistisse de suas ambições nucleares, informou a agência de notícias japonesa Kyodo.
A proposta incluiria a garantia de que a Coréia do Norte não fosse invadida, além do restabelecimento da ajuda econômica.
As relações entre EUA e Coréia do Norte estão tensas por causa de declarações de Pyongyang segundo as quais o país tem ambições nucleares.

Com agências internacionais


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