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São Paulo, quinta-feira, 26 de junho de 2003

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IRÃ NA MIRA

Bush e líderes representando a Europa dizem que país precisa cooperar e permitir inspeções de seus programas nucleares

EUA e UE unificam discurso sobre Teerã

Kevin Lamarque/Reuters
Bush dá entrevista na Casa Branca ao lado do premiê grego, Costas Simitis, e do presidente da Comissão Européia, Romano Prodi


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, e líderes representando a União Européia (UE) manifestaram posição unificada sobre a necessidade de o Irã abandonar as suas ambições de possuir armamentos nucleares.
"O Irã deve cooperar ou enfrentará as consequências", disse Bush em entrevista após encontro na Casa Branca com o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, e o premiê grego, Costas Simitis, cujo país exerce a presidência rotativa da União Européia. "Se o mundo falar conjuntamente, eles irão cooperar", disse Bush após o encontro de cúpula anual entre UE e EUA, a primeira desde a guerra no Iraque.
Bush afirmou que os líderes europeus concordaram com a necessidade de monitoramento dos programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte, colocados pelo presidente num "eixo do mal", composto ainda pelo Iraque pré-guerra. Para ele, o Irã deve cooperar totalmente com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, que pede maior acesso ao programa iraniano.
Os EUA acusam o Irã de estar tentando construir uma bomba atômica. O Irã, rico em petróleo e gás, nega e diz que seu programa nuclear visa produzir energia.
Irã e EUA cortaram relações após a Revolução Islâmica de 1979. Membros do governo americano defendem uma posição mais agressiva do país em relação ao Irã. Os EUA mantêm tropas nas suas duas principais fronteiras: no Afeganistão e no Iraque.
"O Irã promete que não irá desenvolver armas nucleares. Mas a comunidade internacional deve ter certeza de que o regime iraniano irá cumprir a promessa", disse o presidente americano.
Quando um repórter perguntou ao presidente sobre o que poderia acontecer se o Irã não cooperasse, Bush respondeu: "Você está presumindo que eles não irão. Nós acreditamos que eles venham a colaborar quando o mundo livre se manifestar em conjunto. E, caso não cooperem, nós iremos lidar com isso quando acontecer". Bush disse na semana passada que não irá tolerar um Irã com armas nucleares.
Prodi afirmou que o programa nuclear iraniano foi discutido profundamente no encontro.
"Nós acreditamos que eles venham a aceitar as inspeções. Inspeções planejadas, porque nós precisamos ter certeza de que isso não constituirá um perigo para a paz no futuro. Precisamos de certeza absoluta", disse Prodi.
O premiê grego afirmou que não foi discutida a possibilidade de uso da força contra o Irã.
Simitis, que conversou com o presidente iraniano, Mohammad Khatami, há alguns dias, e disse a ele que pretende ver transparência dos iranianos em relação ao programa nuclear. "E Khatami concordou", disse o premiê.
Khatami é um líder considerado moderado no Irã, que tem buscado realizar reformas no país. Porém suas decisões muitas vezes são bloqueadas pelo clero iraniano, comandado pelo aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã.

Terrorismo
Bush e os líderes europeus concordaram ainda com a necessidade de congelar fundos de grupos considerados terroristas pelos EUA. A UE concordou, menos no caso do grupo libanês Hizbollah e da ala política do Hamas, que não são considerados terroristas pela entidade.
Segundo analistas, a posição conjunta dos EUA e da UE em relação ao Irã e ao combate ao terrorismo global demonstra que o bloco europeu aos poucos começa a aceitar a política externa de Bush em temas importantes, após a crise gerada pela oposição de países como França e Alemanha à guerra no Iraque.

Com agências internacionais


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