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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Para militares, "cerco está fechando" em torno do ex-ditador; corpos de Uday e Qusay são maquiados e exibidos

EUA dizem ter pego seguranças de Saddam

DA REDAÇÃO

Três dias após matarem os filhos de Saddam Hussein, os EUA anunciaram a captura de um grupo de supostos guarda-costas do ex-ditador. Segundo o general Ray Odierno, comandante da 4ª Divisão de Infantaria, um iraquiano informou o local em que os homens se escondiam, em Tikrit, cidade natal de Saddam.
A operação ocorreu na noite de anteontem. Ao todo, 13 pessoas foram detidas e estão sendo interrogadas-entre cinco e dez seriam ex-guarda-costas.
Em outra operação, seguindo informações de outro iraquiano, os EUA descobriram um arsenal enterrado em Samarra -cerca de 45 mil bananas de dinamite, 11 bombas caseiras, 34 lançadores de granadas-foguetes com 150 granadas e cerca de 40 metralhadoras e submetralhadoras foram apreendidos.
"Falamos com uma das [duas] mulheres [de Saddam]... e também com outras pessoas na região", disse Odierno. "Penso que estamos apertando o cerco e obtendo mais informações sobre o paradeiro dele."
Os EUA prenderam ou mataram até agora 37 dos 55 iraquianos mais procurados. Seguem foragidos 18, incluindo Saddam, desaparecido desde o início de abril.
Um suposto guarda-costas de Uday disse, em entrevista ao jornal londrino "The Times", que Saddam e seus filhos continuaram em Bagdá pelo menos uma semana após a tomada da cidade, em 9 de abril, tentando comandar uma resistência. O homem, cujo nome não foi revelado, teria sido dispensado por Uday na capital.

Ataques
Segundo Odierno, que comanda as tropas na tensa região noroeste do Iraque, o número de informações levadas por iraquianos aos americanos cresceu desde o anúncio da morte de Uday e Qusay, na terça-feira. O paradeiro deles foi revelado por um iraquiano -que deverá receber US$ 30 milhões como recompensa.
O general também afirmou terem diminuído os ataques sofridos por suas tropas nas últimas semanas, quando foram detidos cerca de mil iraquianos. Mas as ações ficaram mais sofisticadas.
Os EUA atribuem a onda de violência -até agora, 44 americanos morreram em ações iraquianas no pós-guerra- a simpatizantes do regime deposto. Mas analistas políticos apontam outros grupos que também estariam agindo.
Em pregação em Kufa (sul), o clérigo xiita Muqtada al Sadr prometeu formar "um exército religioso sem armas" para expulsar os americanos de Najaf, cidade sagrada para a corrente muçulmana majoritária no sul do país.

Maquiagem
Muitos iraquianos duvidam que Uday, 39, e Qusay, 37, tenham sido mortos -mesmo após o Comando Central Americano (Centcom) divulgar fotos dos corpos deformados e com barbas espessas, que eles não usavam antes da guerra. Assim, antes de exibir os corpos a jornalistas, o Centcom decidiu maquiá-los, aparar as barbas e implantar tufos de cabelo, tornando-os mais parecidos com suas imagens em vida.
A decisão foi criticada por líderes muçulmanos. "Os corpos de Uday e Qusay deveriam ter sido lavados e enterrados imediatamente, mas os americanos não respeitam nossas tradições e nossa doutrina", disse Hamza Mansour, secretário-geral da Frente de Ação Islâmica, da Jordânia.
Apesar dos rostos maquiados, os corpos traziam mais de 20 marcas de tiros cada, pontos resultantes da autópsia, queimaduras e enormes hematomas.
Segundo os legistas, Qusay tinha duas marcas de bala na cabeça, provavelmente disparadas por soldados. Já Uday morreu ao ser atingido na cabeça por escombros -a casa em que estavam foi atacada com mísseis.


Com agências internacionais


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