São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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MARROCOS
Clinton aproveita cerimônia para discutir processo de paz com Arafat e Barak; Chirac vê presidente argelino
Funeral do rei Hassan reúne 2 milhões

France Presse
Polícia tenta conter multidão que acompanhava o funeral do rei Hassan 2º, em Rabat


conter a multidão que acompanhava o funeral do rei Hassan 2º, em Rabat, ontem; abaixo, o rei Mohammed 6º (à direita) carrega o caixão de seu pai das agências internacionais
O funeral do rei Hassan 2º, do Marrocos, morto na última sexta-feira, foi acompanhado, ontem, por uma multidão de 2 milhões de pessoas. As ruas da capital, Rabat, ficaram lotadas, e policiais tiveram de conter a multidão, que derrubou as barreiras de segurança para ver o caixão.
A ocasião propiciou encontros informais entre líderes mundiais como o presidente dos EUA, Bill Clinton, o premiê de Israel, Ehud Barak, e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat.
O presidente da Síria, Hafez al Assad, decidiu, de última hora, não ir ao funeral. Esperava-se que ele realizasse um encontro inédito com Barak. Síria e Israel vêm intensificando contatos diplomáticos para a retomada de negociações de paz.
A rede de televisão estatal estimou em 2 milhões o número de pessoas que seguiram o funeral, cantando hinos e chorando ao longo dos 2 km que separam o palácio do mausoléu real. Muitas pessoas desmaiaram por causa do calor e da comoção.
Com as ferrovias fechadas por causa do enterro, muitos caminharam até 20 km para ir a Rabat.
A cerimônia foi presidida pelo novo rei, Mohammed 6º, 36, que assumiu o governo na sexta-feira.
Estavam presentes, entre outros, o presidente da França, Jacques Chirac, e o rei da Espanha, Juan Carlos, amigo de Hassan.
Hassan, que governava o país desde 1961, morreu de ataque cardíaco aos 70 anos, em Rabat. Era conhecido como "o grande sobrevivente". Escapou a tentativas de assassinato e de articulações para derrubá-lo organizadas por grupos de esquerda e ativistas islâmicos. Teve papel discreto, mas importante, no processo de paz entre árabes e israelenses.

Processo de paz
Um dos encontros reuniu Clinton, Barak e Arafat, que conversaram por cerca de cinco minutos num dos salões do palácio em que se misturavam outros líderes mundiais. Um porta-voz da Casa Branca classificou a conversa como "animada".
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Sandy Berger, disse que Clinton conversava com Barak quando convidou Arafat a juntar-se a eles. Berger disse que a conversa foi "sobre a oportunidade que existe agora, sobre o desejo expresso de Barak de trabalhar com os palestinos com respeito e confiança".
Depois do cortejo, Clinton conversou com Arafat e Barak, separadamente, no local da cerimônia.
Um encontro oficial entre Barak e Arafat para negociar o processo de paz no Oriente Médio está marcado para amanhã.
Outro sinal de aproximação veio do presidente francês, que conversou "cordialmente" com Abdelaziz Bouteflika, presidente da Argélia, ex-colônia da França.
Bouteflika havia criticado Chirac por não visitar a Argélia, dizendo que isso humilhava os argelinos. A Argélia enfrenta violência e terrorismo desde que um golpe militar cancelou eleições lideradas por um grupo islâmico, em 1992.




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