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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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RUANDA

Resultados preliminares indicavam o tutsi Kagame com 94,3% dos votos; calma marca votação

Presidente vence 1ª eleição pós-genocídio

Antony Njuguna/Reuters
Ruandesa recebe cédula para votar em Kigali, no primeiro pleito no país após o genocídio de 1994


DA REDAÇÃO

Os primeiros resultados da primeira eleição em Ruanda desde o genocídio de 1994, no qual cerca de 800 mil pessoas (tutsis em sua maioria) foram mortas, mostram uma firme liderança do atual presidente, Paul Kagame, segundo um comunicado da comissão eleitoral na madrugada de hoje.
Segundo o comunicado, os resultados preliminares de 51 dos 106 distritos de Ruanda mostravam uma votação de 94,3% para Kagame na eleição presidencial de ontem. Seu principal adversário, Faustin Twagiramungu, tinha 3,5%. Um terceiro candidato aparecia com 1,2%.
A eleição de ontem é também a primeira eleição multipartidária do país desde que ele se tornou independente da Bélgica, em 1962.
Kagame descreveu a votação como "um grande passo democrático" para o país da África central, que ainda tenta se recuperar do genocídio promovido em 1994 por membros extremistas da etnia hutu contra tutsis e hutus moderados. Em cem dias, cerca de 800 mil pessoas foram mortas.
Centenas de simpatizantes de Kagame se reuniram no estádio Amahoro, na capital ruandesa, Kigali, após o fechamento dos locais de votação, para comemorar a possível vitória do ex-líder guerrilheiro -mesmo antes da divulgação da boca-de-urna.
Autoridades eleitorais disseram que análises preliminares indicavam uma presença maciça dos eleitores ruandeses. Por volta de 3,9 milhões de pessoas estavam registradas para votar. Ruanda tem uma população de cerca de 8,2 milhões de pessoas.
Observadores da eleição, cerca de 1.900 -incluindo 350 estrangeiros-, disseram que a impressão inicial era de um pleito calmo e bem organizado. Só uma observadora da União Européia expressou preocupação com relatos de uma campanha de intimidação contra a oposição. "Houve relatos de desaparecimentos e de prisões sem nenhuma acusação plausível", disse Nelly Maes. "Por conta desses relatos, fica difícil dizer que a eleição ruandesa foi totalmente democrática e livre", acrescentou.
De acordo com especialistas em política africana, a eleição presidencial ruandesa mostrará se o país já conseguiu superar as divisões deixadas pelo genocídio de 1994 e se ele já faz parte dos Estados democráticos africanos.
Kagame, um tutsi, tem dominado a cena política de Ruanda, cuja maioria é hutu, desde que, em 1994, como líder de um grupo militar rebelde, tomou Kigali e pôs fim ao genocídio. Com ele, a segurança melhorou, a pobreza foi reduzida, e houve crescimento econômico. Mas os opositores o acusam de apoiar tutsis que atacam hutus. Além disso, milícias ruandesas estão envolvidas em conflitos no leste da República Democrática do Congo (ex-Zaire).

Com agências internacionais

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