São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Parlamento russo aprova apoio à secessão na Geórgia

Medida depende de aval de Medvedev para ter força legal; EUA anunciam visita de Dick Cheney a Tbilisi e outros rivais da Rússia

DA REDAÇÃO

O Parlamento da Rússia aprovou ontem por unanimidade, em suas duas Câmaras, um pedido de reconhecimento da independência das regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia, na Geórgia, ao presidente Dmitri Medvedev. A medida, porém, não tem força legal e depende do aval do mandatário russo para ter efeito.
Em sessão extraordinária, o Parlamento, majoritariamente governista, decidiu que "o Cáucaso sempre foi e continuará sendo zona de interesses estratégicos da Rússia". Para analistas, a iniciativa pode refletir a vontade do próprio Medvedev, que já declarou que apoiaria a independência das duas regiões, ou servir como barganha na disputa com o Ocidente.
A Ossétia do Sul foi o pivô do conflito entre a Geórgia e a Rússia no início deste mês, que tragou a também separatista Abkházia e cujo desfecho foi largamente favorável a Moscou. Ambas as regiões, agora sob ocupação russa, estão oficialmente ligadas a Tbilisi, mas são autônomas sob um mandato da ONU em vigor desde 1992.
O presidente dos EUA, George W. Bush, se disse preocupado com a medida do Parlamento russo e exortou Medvedev a não acatar o pedido. "A integridade territorial da Geórgia e suas fronteiras devem ser respeitadas, assim como as de qualquer outra nação, incluindo a Rússia", disse.
A Alemanha, que possui pontes com Moscou, mas vem aumentando o tom de desaprovação ao Kremlin, também pediu que Medvedev não avalize a independência das regiões. A França, que ocupa a Presidência da União Européia, convocou para 1º de setembro uma reunião entre os 27 membros para discutir a situação.
Medvedev não se pronunciou ontem sobre a iniciativa do Parlamento, mas reagiu às pressões que vem sofrendo das potências ocidentais por meio da Otan. Para ele, a aliança militar ocidental depende mais da Rússia do que o contrário e não haveria "grande perda" se os laços institucionais entre ambos fossem rompidos.
Já o ex-presidente e atual premiê russo, Vladimir Putin, disse que o país pode rever alguns pontos da agenda para o ingresso na Organização Mundial do Comércio. "Nós quase não vemos vantagens, estamos carregando um fardo", disse.
Também ontem, o governo americano anunciou que o vice-presidente, Dick Cheney, um dos mais veementes críticos da Rússia no conflito, visitará, a partir do próximo dia 2, Azerbaijão, Geórgia e Ucrânia -todos ex-repúblicas soviéticas envolvidas em alguma disputa com a Rússia. Em Tbilisi, Cheney terá encontro com o presidente Mikhail Saakashvili.
A Casa Branca afirmou ainda que "revisará por completo" a relação com Moscou, dizendo "não haver dúvida de que a Rússia não cumpriu o acordo de cessar-fogo". O Kremlin afirma ter concluído a retirada na última sexta-feira, mantendo tropas apenas nos encraves separatistas e seu entorno.


Com agências internacionais


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