São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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Dossiê britânico sobre o Iraque divide opinião de líderes mundiais

DA REDAÇÃO

O dossiê divulgado anteontem pelo Reino Unido acusando o Iraque de desenvolver armas de destruição em massa dividiu ontem a opinião de líderes mundiais. Alguns o receberam com ceticismo, outros o aceitaram como prova de que é preciso agir contra o ditador iraquiano, Saddam Hussein.
Segundo o dossiê, o Iraque poderia lançar um míssil com armas químicas ou biológicas com um aviso de apenas 45 minutos. O país também estaria tentando desenvolver armas nucleares.
Para a Rússia, há um "furor de propaganda" em torno do documento. Um dos cinco membros do Conselho de Segurança (CS) da ONU com direito a veto, a Rússia tem se manifestado contra a aprovação de uma nova resolução da ONU contra o Iraque.
"Acredito que apenas os especialistas [da ONU" possam julgar se o Iraque tem ou não armas de destruição em massa. Somos a favor do retorno mais rápido possível dos inspetores ao Iraque", disse Igor Ivanov, chanceler russo.
Os EUA e o Reino Unido (também membros permanentes com direito a veto) defendem que a ONU adote uma nova resolução que autorize um ataque ao Iraque caso o país não colabore totalmente com uma missão de desarmamento ao país. França e China (que fecham o grupo com direito a veto) são reticentes à proposta.
Ontem, a França afirmou não ter visto provas contundentes no dossiê britânico. A China, tradicionalmente avessa a intervenções estrangeiras em outros países, deu sinais de que pode mudar de posição. "Um fracasso iraquiano em satisfazer as exigências dos inspetores dará a Bush a desculpa para impor uma mudança de regime no Iraque", disse editorial do jornal chinês "China Daily".
Já o premiê italiano, Silvio Berlusconi, traçou um paralelo entre Saddam Hussein e o ditador nazista, Adolf Hitler. "O custo histórico da inação poderia ser incalculável. Qualquer pessoa que viveu a Segunda Guerra [...] reconhecerá nas palavras [de Saddam] um eco das idéias que levaram ao desastre da Europa e da Alemanha nos anos 40", afirmou.
O secretário da Defesa americano, Donald Rumsfeld, disse ontem, em reunião da Otan em Varsóvia (Polônia), ter recebido apoio de vários dos 19 países da aliança militar. "Você pode ter certeza de que, se e quando o presidente [Bush] decidir agir, haverá outras nações nos ajudando."
Em mais um sinal de que as relações entre os EUA e a Alemanha estão abaladas, Rumsfeld retirou-se da reunião minutos antes do ministro da Defesa alemão, Peter Struck, tomar a palavra. O premiê reeleito alemão, Gerhard Schröder, foi um crítico enfático da política dos EUA para o Iraque durante a campanha eleitoral.

Pagamento à ONU
Num momento em que os EUA buscam apoio da ONU, o Congresso aprovou ontem o pagamento de dívidas com o organismo. A lei autoriza o Departamento de Estado a quitar uma parcela de US$ 244 milhões, a parte final dos US$ 926 milhões em contribuições atrasadas que Washington se comprometeu pagar em 1999.


Com agências internacionais

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