São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Governo de Israel rejeita pressão da ONU

Peres condiciona fim do cerco a Arafat a ação palestina antiterror

DA REDAÇÃO

Israel irá cumprir a sua parte na resolução da ONU somente se os palestinos fizerem o mesmo, afirmou ontem o chanceler israelense, Shimon Peres.
A resolução, aprovada anteontem por 14 votos a zero no Conselho de Segurança, com abstenção dos EUA, exige que Israel encerre imediatamente o cerco ao quartel-general do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, em Ramallah (Cisjordânia), enquanto os palestinos devem combater o terrorismo.
O cerco completou ontem uma semana, e o impasse continuava sem perspectiva de solução.
"Nós não cumpriremos a nossa parte porque os palestinos não cumprem a deles", afirmou o chanceler, tido como um dos mais moderados do gabinete do premiê israelense, Ariel Sharon.
Os EUA voltaram a criticar o cerco israelense. "Queremos que Israel respeite a resolução", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Richard Boucher.
A decisão dos EUA de não usar o poder de veto para impedir a aprovação da resolução se deve, segundo analistas, a uma tentativa de não desagradar aos países árabes em um momento em que o país busca apoio para uma ação contra o Iraque. Os EUA são o principal aliado de Israel.
Segundo Peres, os dois lados estavam negociando uma saída para o fim do cerco. Israel somente admite levantá-lo se 19 militantes com supostas ligações com o terrorismo -que estariam dentro do QG de Arafat- se entreguem.
Já os palestinos afirmam que as negociações foram suspensas por causa de Israel. Saeb Erekat, principal negociador da ANP, afirmou que cancelou o diálogo com os israelenses após Israel impedir que diplomatas estrangeiros se reunissem com o líder palestino.
Na noite de ontem, militares israelenses realizaram disparos contra o QG, mas não houve vítimas. Ao todo, há cerca de 200 palestinos com Arafat nos escritórios, única parte do complexo que ainda não foi destruída.
De madrugada, 500 palestinos marcharam em Ramallah carregando pôsteres de Arafat.
Em uma operação ontem, forças de segurança palestinas prenderam 18 colaboradores de Israel.
Na Cisjordânia, o Exército de Israel demoliu três casas de familiares de suicidas palestinos. Uma delas era de Abdel Khaled Natche, líder do Hamas em Hebron.
Na cidade, militares ocuparam duas casas palestinas, onde hastearam bandeiras israelenses.
Três mísseis de fabricação caseira Qassam, do grupo extremista Hamas, foram disparados desde a faixa de Gaza contra o território israelense, ferindo quatro. Cerca de 15 palestinos e dois israelenses ficaram feridos em choques ontem na Cisjordânia e em Gaza.
Em Nablus (Cisjordânia), colonos judeus estabeleceram um assentamento, chamado de Rehalim, com 14 prédios, onde irão morar 24 famílias. Para os palestinos, o assentamento é ilegal.


Com agências internacionais


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