São Paulo, quinta-feira, 26 de setembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ÁFRICA

Tropas salvam dezenas de crianças ocidentais, a maioria americanas, sitiadas no conflito militar no país

França resgata crianças na Costa do Marfim

DA REDAÇÃO

Tropas francesas resgataram ontem dezenas de crianças de países ocidentais -pelo menos metade eram americanas- que se protegiam numa escola de conflitos armados na Costa do Marfim. Cerca de 160 pessoas estavam na Academia Internacional Cristã em Bouake, segunda maior cidade do país que, há seis dias, vive choques entre rebeldes e militares do governo.
França, EUA e Reino Unido enviaram soldados para proteger seus cidadãos. Cerca de uma centena de militares franceses chegaram a Bouake na manhã de ontem para retirar os estrangeiros da zona de perigo.
"Todos saíram, todos estão seguros e com saúde. Estamos aliviados", disse Evan Evans, americano que trabalha na escola. "Agradecemos a Deus que os franceses vieram nos buscar", afirmou Sam Parham, que havia ido buscar seus dois filhos quando o levante começou.
"Houve muitas horas de tiroteio passando sobre nós. Um morteiro explodiu dentro do complexo", contou Parham.
Já os moradores locais marfinenses não tiveram a mesma sorte. Continuam fechados em suas casas, que tiveram o fornecimento de água e luz cortado no fim de semana. Quase todas as lojas fecharam, e os preços de comida e combustível dispararam.
Poucos habitantes se aventuravam ontem a sair às ruas e ultrapassar as barricadas erguidas pelos rebeldes. "Todos estão dentro de casa. Nossos suprimentos estão acabando", disse um mulher. "Estamos apavorados."
Enquanto isso, os estrangeiros festejavam o resgate. Um comboio de carros com bandeiras americanas deixou a escola e seguiu numa estrada rumo à capital Yamoussoukro, 100 km ao sul. Algumas crianças gritavam: "Vive la France!" Os franceses estabeleceram a sua base militar na cidade dentro do complexo escolar.
Tropas dos EUA chegaram ontem à Costa do Marfim e estão preparando um centro para receber os americanos. A maioria das crianças são filhos de missionários que trabalham na região.
Pelo menos 270 pessoas já morreram e 300 ficaram feridas desde o início do conflito. Um dos mortos foi o ex-general Robert Guei, acusado de iniciar a insurreição contra o presidente Laurent Gbagbo.
Um dos motivos para os choques entre o governo e as tropas rebeldes teria sido a expulsão de 800 soldados do Exército sob acusações de deslealdade.
Desde 1999, quando houve outra tentativa de golpe de Estado, a Costa do Marfim passa por conflitos entre cristãos (que controlam o sul e o oeste do país) e muçulmanos (norte).


Com agências internacionais

Texto Anterior: Guerra sem limites: EUA acham base da Al Qaeda no Irã, diz TV NBC
Próximo Texto: Aventura: EUA salvam náufrago de 62 anos que ficou 4 meses à deriva no Pacífico
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.