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Mesmo com "não" sunita, Carta é aprovada
DA REDAÇÃO
Apesar da rejeição por três governadorias (Províncias) sunitas,
a nova Constituição iraquiana foi
aprovada no referendo do último
dia 15, anunciou a Comissão Eleitoral Iraquiana. Segundo o grupo,
79% dos iraquianos disseram
"sim" à nova Carta.
O texto regerá as eleições parlamentares em 15 de dezembro, a
partir das quais será formado um
novo governo para o país.
Anbar, Saladin e Nínive, majoritariamente árabes sunitas, votaram contra a Carta. Mas enquanto nas duas primeiras o "não" teve, respectivamente, 97% e 82%
dos votos, em Nínive a rejeição ficou em 55%. Para o veto, era necessário que em três das 18 governadorias a rejeição chegasse a
dois terços dos eleitores.
Em várias Províncias dominadas por curdos e xiitas o "sim" superou 90%. Em Dahuk (curda) a
aprovação chegou a 99,13%, e em
Arbil (curda), a 99,36%.
A ONU, que monitorou a votação, e o governo iraquiano, dominado por xiitas e curdos, classificaram o referendo como "justo".
Farid Ayar, da Comissão Eleitoral
Iraquiana, descreveu o procedimento como 100% correto. "Não
inventamos os números. Levou
tempo para chegarmos a eles."
De início, a comissão questionara os resultados em 12 governadorias, dizendo que eram "estranhamente altos". Foi feita uma recontagem por amostragem, e os números foram endossados.
"[A votação] foi auditada, monitorada e conduzida de modo
profissional", disse Carina Perelli,
representante da ONU no Iraque.
Mas líderes sunitas proeminentes criticaram a consulta, dizendo
tratar-se de uma fraude e alertando para a possibilidade de ela alimentar a violência sectária no
país, além de desencorajar a participação política do grupo, que soma 20% da população iraquiana.
Em janeiro último, eles boicotaram as eleições parlamentares e
acabaram sub-representados na
Assembléia Nacional, o que os levou a assumirem poucas cadeiras
no comitê constituinte. A saída
encontrada foi admitir que uma
comissão parlamentar emende o
texto a partir de abril de 2006.
Há três problemas apontados
pelos sunitas na nova Carta: o federalismo, que, ao aumentar a autonomia das regiões, pode tirar-lhes o acesso ao petróleo, produzido em áreas curdas e xiitas; a da
adoção do islã como base da lei e o
veto a membros do extinto Partido Baath no governo.
Por meio do porta-voz Scott
McClellan, a Casa Branca declarou que ontem "foi um dia decisivo para a história do Iraque".
"Cumprimentamos o povo iraquiano. O processo político continua a avançar, e é encorajador ver
mais e mais gente participando."
Com agências internacionais
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