São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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Mesmo com "não" sunita, Carta é aprovada

DA REDAÇÃO

Apesar da rejeição por três governadorias (Províncias) sunitas, a nova Constituição iraquiana foi aprovada no referendo do último dia 15, anunciou a Comissão Eleitoral Iraquiana. Segundo o grupo, 79% dos iraquianos disseram "sim" à nova Carta.
O texto regerá as eleições parlamentares em 15 de dezembro, a partir das quais será formado um novo governo para o país.
Anbar, Saladin e Nínive, majoritariamente árabes sunitas, votaram contra a Carta. Mas enquanto nas duas primeiras o "não" teve, respectivamente, 97% e 82% dos votos, em Nínive a rejeição ficou em 55%. Para o veto, era necessário que em três das 18 governadorias a rejeição chegasse a dois terços dos eleitores.
Em várias Províncias dominadas por curdos e xiitas o "sim" superou 90%. Em Dahuk (curda) a aprovação chegou a 99,13%, e em Arbil (curda), a 99,36%.
A ONU, que monitorou a votação, e o governo iraquiano, dominado por xiitas e curdos, classificaram o referendo como "justo". Farid Ayar, da Comissão Eleitoral Iraquiana, descreveu o procedimento como 100% correto. "Não inventamos os números. Levou tempo para chegarmos a eles."
De início, a comissão questionara os resultados em 12 governadorias, dizendo que eram "estranhamente altos". Foi feita uma recontagem por amostragem, e os números foram endossados.
"[A votação] foi auditada, monitorada e conduzida de modo profissional", disse Carina Perelli, representante da ONU no Iraque.
Mas líderes sunitas proeminentes criticaram a consulta, dizendo tratar-se de uma fraude e alertando para a possibilidade de ela alimentar a violência sectária no país, além de desencorajar a participação política do grupo, que soma 20% da população iraquiana.
Em janeiro último, eles boicotaram as eleições parlamentares e acabaram sub-representados na Assembléia Nacional, o que os levou a assumirem poucas cadeiras no comitê constituinte. A saída encontrada foi admitir que uma comissão parlamentar emende o texto a partir de abril de 2006.
Há três problemas apontados pelos sunitas na nova Carta: o federalismo, que, ao aumentar a autonomia das regiões, pode tirar-lhes o acesso ao petróleo, produzido em áreas curdas e xiitas; a da adoção do islã como base da lei e o veto a membros do extinto Partido Baath no governo.
Por meio do porta-voz Scott McClellan, a Casa Branca declarou que ontem "foi um dia decisivo para a história do Iraque". "Cumprimentamos o povo iraquiano. O processo político continua a avançar, e é encorajador ver mais e mais gente participando."


Com agências internacionais

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