São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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Migração traz pouco risco para o país

REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma série de eventos de transmissão em cadeia, de um ponto a outro do planeta, seria necessária para que aves migratórias trouxessem o vírus H5N1, causador da atual epidemia de gripe aviária, até o Brasil. Mesmo na pior das hipóteses, segundo especialistas, o contato do país com as aves asiáticas (onde o surto é mais violento e espalhado) seria indireto.
Segundo Antonio Augusto Ferreira Rodrigues, biólogo da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), o principal movimento de aves migratórias em direção ao país provém dos Estados Unidos e do Ártico canadense. "Elas são muito fiéis aos sítios, ou seja, não mudam o caminho", afirma. Isso significa que o contato entre esses animais e as aves asiáticas seria muito pequeno.
Por outro lado, diz Severino Mendes de Azevedo Júnior, da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), há também o movimento de aves vindas dos Açores e outras ilhas próximas à África ocidental. "Alguns indivíduos isolados também foram marcados em Portugal e na Alemanha e chegaram até aqui", conta. Para ele, essas conexões globais criam duas possibilidades para a chegada do vírus: pela Europa (aves infectadas lá chegariam até os EUA, fechando o círculo com o Brasil) ou, menos provável, pela África.
Por enquanto, os especialistas ressaltam que há outro fator protegendo as aves domésticas do Brasil. É que os principais locais que recebem migrações ficam no litoral da região Norte e do extremo Sul e no Pantanal, regiões que não concentram produção avícola. "As aves precisariam atravessar uma série de barreiras ambientais, como plantações, por exemplo", diz Azevedo Júnior. Por isso a chegada do H5N1 teria de ultrapassar mais esse "telefone sem fio" para alcançar as regiões produtoras de frango do Brasil.
No caso de aves criadas comercialmente nos países afetados que poderiam chegar até aqui e contaminar o plantel nacional, o risco é ainda menor, segundo Eduardo Massad, da Faculdade de Medicina da USP. "Como o país exporta carne de aves para outros países, o fluxo é daqui para o exterior, e não o contrário", afirma ele.


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