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Migração traz pouco risco para o país
REINALDO JOSÉ LOPES
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma série de eventos de transmissão em cadeia, de um ponto a
outro do planeta, seria necessária
para que aves migratórias trouxessem o vírus H5N1, causador da
atual epidemia de gripe aviária,
até o Brasil. Mesmo na pior das
hipóteses, segundo especialistas,
o contato do país com as aves
asiáticas (onde o surto é mais violento e espalhado) seria indireto.
Segundo Antonio Augusto Ferreira Rodrigues, biólogo da UFMA (Universidade Federal do
Maranhão), o principal movimento de aves migratórias em direção ao país provém dos Estados
Unidos e do Ártico canadense.
"Elas são muito fiéis aos sítios, ou
seja, não mudam o caminho",
afirma. Isso significa que o contato entre esses animais e as aves
asiáticas seria muito pequeno.
Por outro lado, diz Severino
Mendes de Azevedo Júnior, da
UFRPE (Universidade Federal
Rural de Pernambuco), há também o movimento de aves vindas
dos Açores e outras ilhas próximas à África ocidental. "Alguns
indivíduos isolados também foram marcados em Portugal e na
Alemanha e chegaram até aqui",
conta. Para ele, essas conexões
globais criam duas possibilidades
para a chegada do vírus: pela Europa (aves infectadas lá chegariam até os EUA, fechando o círculo com o Brasil) ou, menos provável, pela África.
Por enquanto, os especialistas
ressaltam que há outro fator protegendo as aves domésticas do
Brasil. É que os principais locais
que recebem migrações ficam no
litoral da região Norte e do extremo Sul e no Pantanal, regiões que
não concentram produção avícola. "As aves precisariam atravessar uma série de barreiras ambientais, como plantações, por
exemplo", diz Azevedo Júnior.
Por isso a chegada do H5N1 teria
de ultrapassar mais esse "telefone
sem fio" para alcançar as regiões
produtoras de frango do Brasil.
No caso de aves criadas comercialmente nos países afetados que
poderiam chegar até aqui e contaminar o plantel nacional, o risco é
ainda menor, segundo Eduardo
Massad, da Faculdade de Medicina da USP. "Como o país exporta
carne de aves para outros países, o
fluxo é daqui para o exterior, e
não o contrário", afirma ele.
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