DA REDAÇÃO

O governo chileno anunciou ontem que o ex-ditador Augusto Pinochet, 90, será investigado por suspeita de manter uma conta secreta, em Hong Kong, com nove toneladas de ouro. A investigação se soma a outras envolvendo depósitos secretos do ex-ditador. O valor do depósito seria de US$ 160 milhões.
O ministro de Relações Exteriores Alejandro Foxley confirmou que o governo recebeu "há vários dias" a informação de que Pinochet teria uma soma milionária em lingotes de ouro. A Justiça chilena, segundo ele, estuda a aplicação de uma medida cautelar para evitar a retirada do valor.
Pinochet já é acusado de evasão de divisas no valor de US$ 27 milhões, espalhadas em mais de cem bancos no exterior. A investigação começou em 2004, após os EUA revelarem o depósito de milhões num banco em Washington.
O advogado do ex-ditador, Pablo Rodrigues, negou ontem a nova acusação, dizendo que "o único ouro que ele [Pinochet] tem é seu anel de casamento". Ele sugeriu ainda que a acusação é uma tentativa de desviar as atenções do suposto caso de corrupção numa organização governamental que veio à tona recentemente. A mulher de Pinochet, Lucia Hiriart, disse que querem "enganar a população".
Estima-se que durante a ditadura (1973-90) mais de 3.000 dissidentes tenham sido mortos. Um dos ex-colaboradores próximos de Pinochet, Manuel Contreras, acusou-o, em depoimento, de ter formado sua fortuna com dinheiro do narcotráfico -acusação também negada. A defesa de Pinochet diz que ele não tem condições de saúde para ir a julgamento.