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SAÚDE
Relatório da ONU sobre 2003 indica que 5 milhões foram infectados no ano; resultado é o pior desde o surgimento da doença
Aids mata 3 milhões e bate recorde histórico
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
A epidemia de Aids no mundo
atingiu números recordes em
2003: 5 milhões de pessoas foram
infectadas e 3 milhões morreram.
Segundo o Unaids (Programa
Conjunto da ONU sobre HIV/
Aids) e a OMS (Organização
Mundial de Saúde), são os piores
resultados já registrados desde os
primeiros casos, há duas décadas.
De acordo com o Unaids, a metodologia da pesquisa foi alterada,
revisando para baixo os números
de levantamentos anteriores.
Ao todo, estima-se que, hoje,
cerca de 40 milhões de pessoas no
mundo sejam portadoras do HIV,
vírus que causa a Aids.
O estudo, divulgado ontem, diz
também que não há nenhum sinal de desaceleração do avanço da
doença. "A epidemia continua a
sua marcha letal em todo o mundo, com poucos sinais de redução.
No decorrer deste ano, a cada minuto dez novas pessoas foram infectadas. Nas regiões mais afetadas, a expectativa de vida está
caindo rapidamente", disse Kofi
Annan, secretário-geral da ONU.
A precariedade (ou a ausência)
de programas de prevenção é citada como a principal causa para o
avanço mundial da Aids. Prova
disso é que a epidemia cresceu em
áreas nas quais até recentemente
havia baixa ou negativa incidência de contaminação por HIV, como em algumas ilhas do Pacífico.
O crescimento do volume de
pessoas infectadas não se restringe às regiões mais pobres do globo. "Há uma crescente evidência
de que atividades de prevenção
em vários países com alta renda
não acompanham as mudanças
na disseminação do HIV", afirma
o relatório. O crescimento da infecção em setores marginalizados
da sociedade, como os refugiados
na Europa ocidental, está entre os
novos componentes da epidemia.
"Logo após o surgimento dos
primeiros casos, já sabíamos como a doença era transmitida e
quais as formas de prevenção. Esse relatório não deixa dúvidas de
que as estratégias de prevenção
não têm sido efetivas", disse à Folha Luiz Loures, diretor do
Unaids para Europa e Américas.
Essa revelação frustra os objetivos de redução do avanço da epidemia estabelecidos pela ONU
em 2001. "Nós falhamos em alcançar muitas das metas para este
ano. Mais importante ainda é que
nós não estamos no caminho para reduzir a dimensão e o impacto
da doença até 2005. Nessa ocasião, deveríamos reduzir em um
quarto o número de jovens infectados nos países mais atingidos
pela doença", afirmou Annan.
As mulheres têm sido as maiores vítimas. Na África, a possibilidade de uma mulher contrair o
HIV é 1,2 vez a de um homem. Na
faixa etária entre 15 e 24 anos, a
discrepância é ainda maior: a propensão das mulheres à infecção é
2,5 vezes a dos homens.
Em alguns países da África, 1 em
cada 5 gestantes está infectada. O
cenário é particularmente alarmante. "Na maioria desses países,
a prevenção da transmissão das
gestantes para a criança praticamente inexiste", diz o texto.
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