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São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

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Medo impulsiona doença na Ásia

DARREN SCHUETTLER
DA REUTERS, EM BANCOC

A ignorância, o medo e os preconceitos estão impulsionando a difusão do HIV na Ásia, onde vários países podem sofrer epidemias de grandes proporções. O alerta foi lançado ontem por especialistas em saúde pública.
A região da Ásia/Pacífico (60% da população mundial) já se delineia como o novo campo de batalha na luta contra a doença. Especialistas dizem que superar os profundos estigmas sociais e culturais será crucial para vencer a Aids na região, onde 1 milhão de pessoas contraíram o HIV neste ano e 500 mil morreram de Aids.
"O preconceito, a rejeição e o ostracismo são algumas das consequências mais dolorosas da contaminação com o HIV, coisas que nenhum medicamento milagroso é capaz de superar", disse Shigeru Omi, diretor regional para o Pacífico ocidental da Organização Mundial da Saúde (OMS), em comunicado à imprensa.
Ativistas pretendem aproveitar o 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate à Aids, para realçar o clima de medo que impede as pessoas de buscar tratamento.
O relatório do Unaids e da OMS divulgado ontem citou o exemplo de duas crianças órfãs no Estado indiano de Kerala que não conseguem vaga em escolas porque são soropositivas. "Apesar dos apelos das autoridades, a comunidade foi inflexível e ainda rejeita os dois órfãos", disse o relatório.
Existem mais de 4,5 milhões de soropositivos na Índia, e especialistas dizem que a Aids está se espalhando muito rapidamente.
Analistas atribuem o medo ligado à doença a crenças religiosas e culturais e à falta de informação. Os trabalhadores sexuais em muitos países são marginalizados, e o comportamento homossexual é visto como inaceitável em muitas sociedades asiáticas. Os usuários de drogas injetáveis são tratados como párias em algumas partes da Ásia.
"São poucos os países da Ásia em que os usuários de drogas injetáveis são vistos como doentes e recebem tratamento, em lugar de rejeição", disse Robert England, do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.
As autoridades chinesas foram largamente condenadas por terem disfarçado a amplitude da epidemia de Aids, deixando de oferecer o tratamento adequado aos doentes e chegando a prender um militante do combate à Aids que falou sobre o problema.


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