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Medo impulsiona doença na Ásia
DARREN SCHUETTLER
DA REUTERS, EM BANCOC
A ignorância, o medo e os preconceitos estão impulsionando a
difusão do HIV na Ásia, onde vários países podem sofrer epidemias de grandes proporções. O
alerta foi lançado ontem por especialistas em saúde pública.
A região da Ásia/Pacífico (60%
da população mundial) já se delineia como o novo campo de batalha na luta contra a doença. Especialistas dizem que superar os
profundos estigmas sociais e culturais será crucial para vencer a
Aids na região, onde 1 milhão de
pessoas contraíram o HIV neste
ano e 500 mil morreram de Aids.
"O preconceito, a rejeição e o
ostracismo são algumas das consequências mais dolorosas da
contaminação com o HIV, coisas
que nenhum medicamento milagroso é capaz de superar", disse
Shigeru Omi, diretor regional para o Pacífico ocidental da Organização Mundial da Saúde (OMS),
em comunicado à imprensa.
Ativistas pretendem aproveitar
o 1º de dezembro, Dia Mundial de
Combate à Aids, para realçar o clima de medo que impede as pessoas de buscar tratamento.
O relatório do Unaids e da OMS
divulgado ontem citou o exemplo
de duas crianças órfãs no Estado
indiano de Kerala que não conseguem vaga em escolas porque são
soropositivas. "Apesar dos apelos
das autoridades, a comunidade
foi inflexível e ainda rejeita os dois
órfãos", disse o relatório.
Existem mais de 4,5 milhões de
soropositivos na Índia, e especialistas dizem que a Aids está se espalhando muito rapidamente.
Analistas atribuem o medo ligado à doença a crenças religiosas e
culturais e à falta de informação.
Os trabalhadores sexuais em muitos países são marginalizados, e o
comportamento homossexual é
visto como inaceitável em muitas
sociedades asiáticas. Os usuários
de drogas injetáveis são tratados
como párias em algumas partes
da Ásia.
"São poucos os países da Ásia
em que os usuários de drogas injetáveis são vistos como doentes e
recebem tratamento, em lugar de
rejeição", disse Robert England,
do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.
As autoridades chinesas foram
largamente condenadas por terem disfarçado a amplitude da
epidemia de Aids, deixando de
oferecer o tratamento adequado
aos doentes e chegando a prender
um militante do combate à Aids
que falou sobre o problema.
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