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ARGENTINA
Acusação é "disparate", diz ministro de Kirchner
Governo rebate denúncia sobre elo entre Casa Rosada e criminosos
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
O governo argentino qualificou
ontem como um "disparate" e
"irresponsável" o informe que denunciou a existência de milhares
de chamadas entre repartições da
Casa Rosada e telefones investigados por vinculação com crimes
como sequestros e homicídios,
entre 1997 e este mês. O relatório
incluiu também o Ministério da
Defesa e o Exército entre os registros. "Definitivamente, é um disparate", disse o ministro do Interior, Aníbal Fernández.
As denúncias constam de documento confidencial do procurador-geral da Suprema Corte de
Justiça da Província de Buenos
Aires, Eduardo Matías de la Cruz,
que foi "vazado" para a imprensa
no último fim de semana.
Com base no rastreamento de
telefones de acusados em mais de
200 casos sob investigação pela
Justiça argentina, o documento
aponta pelo menos 700 chamadas
feitas e recebidas por linhas do
Ministério da Defesa e do Exército
argentinos e outras 2.000 de linhas da Casa Rosada, sede do governo.
O presidente Néstor Kirchner
não se pronunciou sobre o caso,
mas colocou vários ministros na
mídia local para defender o governo e atacar o documento.
"A lógica desse informe não
permite tirar nenhum tipo de
conclusão", disse o ministro da
Justiça, Gustavo Béliz, para quem
o documento não tem "sustentação". Já o ministro da Defesa, José
Pampurro, qualificou o episódio
como "confuso" e disse que não
tinha confirmação de que as chamadas tenham sido realizadas.
Para os interlocutores do presidente, o episódio é uma "operação política" comandada pela polícia da Província da Buenos Aires
-contra a qual Kirchner iniciou
uma ofensiva, acusando-a de envolvimento na onda de sequestros que atingiu o país neste ano.
"Graças à denúncia, os diários
deixaram de falar nos últimos
dias da polícia e falam da casa do
governo e do Exército", comentou Aníbal Fernández. O ministro
afirmou que o documento tem
um "grau de imprecisão assombroso" e considerou sua divulgação "irresponsável". Segundo os
ministros, o governo fará uma investigação para apurar a veracidade das denúncias.
De la Cruz reagiu aos comentários dizendo que "quem fez esse
trabalho foi o procurador e não a
polícia da Província" e que não
tem "nada a ver com brigas políticas internas". Ele reiterou que o
período investigado abarca três
governos anteriores - os dos ex-presidentes Eduardo Duhalde,
Fernando de la Rúa e Carlos Menem.
"É difícil acreditar que haja pessoas que digam que isso não é relevante. Isso é muito grave. O que
fiz foi mostrar aos governos nacional e provincial a ingerência de
pessoas de organismos oficiais
vinculadas a delitos", disse.
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