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COLÔMBIA
Para ex-guerrilheiro, governo Uribe ainda não informou qual é o estatuto jurídico e político dos desmobilizados
Pela 1ª vez, paramilitares depõem armas
DA REDAÇÃO
Em evento inédito na história
colombiana e sob críticas de entidades de direitos humanos, 855
paramilitares das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) depuseram ontem suas armas na cidade de Medellín. É a primeira desmobilização desde que o presidente Álvaro Uribe e o grupo terrorista de direita anunciaram em
meados de julho o polêmico acordo, o qual prevê a extinção até
2005 das AUC, que contam com
cerca de 13 mil homens.
A cerimônia, celebrada no centro de convenções de Medellín
-a segunda cidade mais importante da Colômbia-, teve como
auge a entrega de mais de 500 armas dos combatentes da Frente
Cacique Nutibara, entre os quais
se encontravam 48 crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos, segundo o jornal "El Tiempo".
"Este é um grande passo e é apenas o início de outro longo caminho", disse o Alto Comissário de
Paz do governo colombiano, Luis
Carlos Restrepo, que anunciou
que mais 150 paramilitares serão
desmobilizados em dezembro.
Durante a cerimônia, os participantes assistiram a uma mensagem dos dois principais líderes
das AUC, Salvatore Mancuso e
Carlos Castaño. Ambos têm um
pedido de extradição expedido
pelos EUA por envolvimento com
o narcotráfico.
Castaño, em trajes civis, disse
que o processo de paz enfrenta
"vacilações" dentro das AUC e reconheceu que as AUC cometeram
"alguns excessos" durante o combate a guerrilhas de esquerda,
principais adversários dos paramilitares. Ele é condenado à revelia a mais de 40 anos de prisão por
participação em dois massacres.
Apesar disso, o governo dos
EUA declarou que a desmobilização foi um "grande passo" para
reduzir a violência no país, mas
espera que o "processo funcione
de fato e que os desmobilizados se
mantenham desmobilizados".
Depois da cerimônia, os ex-combatentes entraram em diversos ônibus rumo a La Ceja, na região de Medellín, onde ficarão durante três semanas para receber
atendimento psicológico e capacitação profissional.
Pontos obscuros
Em entrevista por telefone à Folha, o ex-guerrilheiro do M-19 Otto Patiño, 57, disse que se trata "de
um processo estranho, cuja lógica
não é fácil descobrir". Sua antiga
organização, uma guerrilha de esquerda, foi desmobilizada em
1990, após acordo.
Para Patiño, diretor da ONG
Observatório para a Paz, não estão claro qual é o estatuto jurídico
nem o futuro político dos desmobilizados. "Não se sabe como os
crimes de guerra e de narcotráficos serão tratados", disse.
Outro problema, segundo o ex-guerrilheiro, é a indefinição sobre
o que fazer com as áreas controladas pelas AUC, onde a presença
do Estado é inexistente.
"Em algumas regiões de Medellín, a ordem pública era inicialmente controlada por grupos ligados ao Pablo Escobar, que depois foram ocupadas pelas AUC.
A ausência do Estado nesses lugares tem gerado vários tipos de experiência", disse Patiño.
As Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), maior
guerrilha terrorista de esquerda
do país, disseram que o acordo foi
uma "farsa grosseira".
Com agências internacionais
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