São Paulo, Domingo, 26 de Dezembro de 1999


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TERRA SANTA
O líder palestino, Iasser Arafat, compareceu à Missa do Galo em Belém

Ato em Belém pede paz na região

PAULO DANIEL FARAH
enviado especial a Belém

Paz na Terra. A frase, nos telões do centro de Belém e no prédio onde ficava um posto policial israelense, exibia a principal mensagem das missas de Natal na cidade sob autonomia palestina.
O sermão da Missa do Galo, à qual compareceu o líder palestino Iasser Arafat, disse que "o Jubileu (do ano 2000) mostra que a paz é possível e que temos o dever de buscá-la plenamente".
Cerca de 60 mil pessoas foram à praça da Manjedoura, que concentrou as comemorações de Natal em Belém. O local abriga um centro pela paz onde havia um presídio israelense, demolido depois que o controle da cidade, ocupada durante 28 anos, retornou aos palestinos, em 95.
No Campo dos Pastores, que marca o local onde os anjos anunciaram o nascimento de Cristo, cerca de 20 mil comemoraram o Natal. Em Jerusalém, houve missas durante todo o dia.
Michel Sabah, o patriarca latino, afirmou, no interior da igreja da Natividade (onde Cristo nasceu), que "a paz será o fruto da justiça. E isso significa restaurar aos refugiados (palestinos) a dignidade e os direitos. E o caráter sagrado da cidade de Jerusalém deveria ser assegurado. A paz com os palestinos continua a ser o núcleo do problema e a condição essencial para a paz em toda a região do Oriente Médio".
Na rua da Estrela, que leva à praça principal, dezenas de crianças vestidas de Papai Noel acompanhavam uma van que tocava "Jingle Bells" em inglês e árabe, na voz da cantora libanesa Fairuz.
Corais locais e de países como Portugal, EUA, Itália e Quênia apresentaram canções religiosas enquanto os turistas tentavam entrar na igreja da Natividade.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, disse que "a mensagem dos palestinos para o mundo é uma mensagem de liberdade e independência para aqueles que sofrem sob a ocupação, e testemunhamos a mensagem de paz da cidade do profeta da paz".
A Missa do Galo foi musicada por alaúde e nai (flauta típica). O tradicional aperto de mão na hora em que se deseja a "paz de Cristo" aos presentes na igreja foi substituído, no caso de Arafat, por um beijo (também tradicional entre os árabes).
"Nosso desejo neste Natal é rezar pela paz na Palestina e no mundo inteiro. Após 2.000 anos do nascimento de nosso senhor, somos responsáveis pelo cumprimento da intenção divina", disse o palestino Michael Zoughbi, que, com os seis filhos, comemorou o Natal na praça de Belém.
No centro de Jerusalém, a polícia israelense fechou várias ruas. A viagem a Belém (cerca de 9 km de Jerusalém), que normalmente leva cerca de 10 minutos, chegou a durar duas horas no dia 24 devido à grande concentração de turistas e aos desvios de trajeto.
A francesa Christiane Sevestre reclamava da dificuldade de acesso a Belém. "Esperei 60 anos para vir aqui e ir à igreja onde Cristo nasceu. Devemos aproveitar para falar com Deus e pedir reconciliação", disse Sevestre, 60. Ela foi uma das poucas privilegiadas que tiveram acesso à igreja da Natividade. Ali, muitas pessoas choravam e beijavam a estrela, no chão, que representa o local onde, segundo a tradição, Maria deu à luz ao menino Jesus.


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