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TERRA SANTA
O líder palestino, Iasser Arafat, compareceu à Missa do Galo em Belém
Ato em Belém pede paz na região
PAULO DANIEL FARAH
enviado especial a Belém
Paz na Terra. A frase, nos telões
do centro de Belém e no prédio
onde ficava um posto policial israelense, exibia a principal mensagem das missas de Natal na cidade sob autonomia palestina.
O sermão da Missa do Galo, à
qual compareceu o líder palestino
Iasser Arafat, disse que "o Jubileu
(do ano 2000) mostra que a paz é
possível e que temos o dever de
buscá-la plenamente".
Cerca de 60 mil pessoas foram à
praça da Manjedoura, que concentrou as comemorações de Natal em Belém. O local abriga um
centro pela paz onde havia um
presídio israelense, demolido depois que o controle da cidade,
ocupada durante 28 anos, retornou aos palestinos, em 95.
No Campo dos Pastores, que
marca o local onde os anjos anunciaram o nascimento de Cristo,
cerca de 20 mil comemoraram o
Natal. Em Jerusalém, houve missas durante todo o dia.
Michel Sabah, o patriarca latino,
afirmou, no interior da igreja da
Natividade (onde Cristo nasceu),
que "a paz será o fruto da justiça.
E isso significa restaurar aos refugiados (palestinos) a dignidade e
os direitos. E o caráter sagrado da
cidade de Jerusalém deveria ser
assegurado. A paz com os palestinos continua a ser o núcleo do
problema e a condição essencial
para a paz em toda a região do
Oriente Médio".
Na rua da Estrela, que leva à
praça principal, dezenas de crianças vestidas de Papai Noel acompanhavam uma van que tocava
"Jingle Bells" em inglês e árabe, na
voz da cantora libanesa Fairuz.
Corais locais e de países como
Portugal, EUA, Itália e Quênia
apresentaram canções religiosas
enquanto os turistas tentavam
entrar na igreja da Natividade.
O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat,
disse que "a mensagem dos palestinos para o mundo é uma mensagem de liberdade e independência para aqueles que sofrem
sob a ocupação, e testemunhamos a mensagem de paz da cidade do profeta da paz".
A Missa do Galo foi musicada
por alaúde e nai (flauta típica). O
tradicional aperto de mão na hora
em que se deseja a "paz de Cristo"
aos presentes na igreja foi substituído, no caso de Arafat, por um
beijo (também tradicional entre
os árabes).
"Nosso desejo neste Natal é rezar pela paz na Palestina e no
mundo inteiro. Após 2.000 anos
do nascimento de nosso senhor,
somos responsáveis pelo cumprimento da intenção divina", disse
o palestino Michael Zoughbi, que,
com os seis filhos, comemorou o
Natal na praça de Belém.
No centro de Jerusalém, a polícia israelense fechou várias ruas.
A viagem a Belém (cerca de 9 km
de Jerusalém), que normalmente
leva cerca de 10 minutos, chegou a
durar duas horas no dia 24 devido
à grande concentração de turistas
e aos desvios de trajeto.
A francesa Christiane Sevestre
reclamava da dificuldade de acesso a Belém. "Esperei 60 anos para
vir aqui e ir à igreja onde Cristo
nasceu. Devemos aproveitar para
falar com Deus e pedir reconciliação", disse Sevestre, 60. Ela foi
uma das poucas privilegiadas que
tiveram acesso à igreja da Natividade. Ali, muitas pessoas choravam e beijavam a estrela, no chão,
que representa o local onde, segundo a tradição, Maria deu à luz
ao menino Jesus.
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