São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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BÁLCÃS

Trajkovski, que ajudou a impedir uma guerra civil no país, estava em avião que caiu na Bósnia; corpo ainda não foi achado

Acidente mata presidente da Macedônia

DA REDAÇÃO

O avião em que estava o presidente da Macedônia, Boris Trajkovski, 47, sofreu um grave acidente ontem numa região montanhosa do sul da Bósnia. Segundo relatos oficiais, todas as nove pessoas que viajavam na aeronave ainda estavam desaparecidas até o fechamento desta edição. Presume-se que todas tenham morrido.
Em Skopje, a capital da Macedônia, o premiê Branko Crvenkovski disse que seu país tinha sofrido "uma grande perda" e que "o momento era de luto". Mas ele não afirmou explicitamente que Trajkovski tinha morrido. Mesmo assim, o país decretou três dias de luto oficial.
Soldados da Otan (aliança militar ocidental) e policiais bósnios vasculharam a região montanhosa em busca do avião, um bimotor Beechcraft, e de seus ocupantes. A aeronave desapareceu às 8h01 (horário local), poucos minutos antes de pousar na cidade de Mostar, na Bósnia.
As buscas foram suspensas ao cair da noite. Algumas autoridades macedônias afirmaram que o país não poderia dizer que seu presidente tinha morrido antes que seu corpo fosse encontrado.
De acordo com Crvenkovski, autoridades bósnias não mencionaram a possibilidade de haver sobreviventes ao acidente ocorrido no sul do país.
A morte de Trajkovski, cuja habilidade política ajudou a impedir a eclosão de uma guerra civil na Macedônia nos últimos anos, foi anunciada, em Dublin, por Bertie Ahern, premiê irlandês.
Crvenkovski, que fazia visita oficial à Irlanda, teve de cancelar um encontro com seu colega irlandês quando ficou sabendo da queda do avião presidencial.
O pastor protestante e advogado Trajkovski ficou conhecido internacionalmente em 2001, quando um levante liderado por rebeldes de origem albanesa quase provocou uma guerra civil na Macedônia. Com a ajuda da Otan, ele conseguiu a assinatura de um acordo de paz.
Dzelal Hasecic, porta-voz do órgão responsável pela aviação civil na Bósnia, disse à agência de notícias Reuters que a força de paz da Otan que atua no país controla o tráfego aéreo na região de Mostar. Segundo ele, "é normal que a força da Otan negue sua responsabilidade, pois o acidente pode ter sido causado por um erro dos controladores de vôo".
A Otan negou que seus soldados tivessem encontrado o local do acidente. Essa informação foi revelada por autoridades bósnias e macedônias.
Autoridades macedônias afirmaram que o bimotor do presidente estava em péssimo estado. De acordo com o chanceler Slobodan Casule, a aeronave não deveria mais ser utilizada, mas foi mantida em atividade para economizar fundos do governo.
"A pressão da população foi brutal quando dissemos que não queríamos mais utilizar esse avião. Tive um incidente com ele em Bucareste [Romênia]", disse.
Autoridades de vários países enviaram condolências ao premiê macedônio. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, também expressou sua tristeza.
Em nota oficial, Annan disse que o presidente macedônio será lembrado por seu papel crucial na manutenção da unidade de seu país e por seu trabalho pela existência de um Estado multiétnico nos Bálcãs. Para a União Européia, Trajkovski contribuiu para o desenvolvimento regional.


Com agências internacionais


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