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ONU esboça novo pacote de sanções contra o Irã
Produção de combustível nuclear leva Conselho de Segurança a deliberações
Ahmadinejad, o presidente do Irã, é criticado por líderes xiitas por ter optado pelo
confronto com ocidentais e exposto o país a punições
DA REDAÇÃO
Um segundo pacote de sanções da ONU contra o Irã poderá incluir a suspensão de US$
25 bilhões em linhas de crédito
de países europeus e a ampliação do número de empresas e
cidadãos com depósitos congelados em bancos ocidentais.
A questão foi levantada ontem, em Londres, por diretores
dos ministérios do Exterior dos
cinco membros permanentes
do Conselho de Segurança, em
reunião consultiva da qual também participou a Alemanha.
Esses países -Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China- acreditam que o
regime iraniano queira produzir a bomba atômica. O grupo
prosseguirá consultas durante
a semana, antes de agendar em
Nova York, em data ainda indefinida, reunião do conselho em
que o texto será votado.
Uma primeira resolução, de
23 de dezembro, vetou a venda
de tecnologia ou componentes
de reatores, construção de mísseis ou que possam ser usados
no enriquecimento de urânio.
Mas o Irã não interrompeu
sua produção de combustível
nuclear, com o qual diz que
produzirá apenas eletricidade.
E pior: segundo relatório da
Agência Internacional de Energia Atômica, publicado na semana passada em Viena, acelerou suas atividades atômicas.
Ameaça americana
A reunião de Londres teve
como pano de fundo o plano
atribuído ao governo americano de bombardear o Irã e destruir suas instalações. Washington nega ser essa a idéia.
O ministro do Exterior russo,
Serguey Lavrov, disse em Moscou que previsões de ações militares tornaram-se mais freqüentes, "o que nos causa preocupação". Citou declaração do
vice-presidente, Dick Cheney,
para quem todas as possibilidades estão sobre a mesa.
Lavrov não chegou a citar reportagem da revista "New Yorker", que revela um plano de intervenção americana no Irã,
país xiita. O plano teria o financiamento da Arábia Saudita,
maior potência petrolífera e financeira do mundo sunita.
A Rússia e a China, com direito a veto no Conselho de Segurança, não querem que seus
projetos no Irã sejam comprometidos por sanções da ONU.
É provável, em razão disso,
que apóiem um anteprojeto de
resolução em que os europeus,
e suas linhas de crédito, façam o
grande sacrifício. Não estava
ontem claro se Berlim, Paris e
Londres endossam com entusiasmo esse roteiro.
Em Washington, o porta-voz
do Departamento de Estado,
Sean McCormack, disse que as
novas sanções poderiam atingir as importações iranianas de
armas. A resolução votada em
dezembro, disse ele, teve o mérito de despertar discussões entre os iranianos sobre a insensatez do confronto com a comunidade internacional.
Posição de Ahmadinejad
A propósito, a Associated
Press relata de Teerã que o presidente Mahmoud Ahmadinejad está em discreta rota de colisão com o líder supremo, aiatolá Khamenei, que provavelmente discorda de sua reiterada retórica de confronto.
Ahmadinejad não foi convidado por Khamenei para encontros no último dia 19 com
autoridades do governo civil.
Ao mesmo tempo, a hierarquia
xiita tem prestigiado o aiatolá
Rafsansjani, derrotado pelo
atual presidente nas eleições de
2005, e para quem a disputa
com o Ocidente deve ser resolvida "com diálogo e sabedoria".
Na África do Sul, onde se encontra, o principal negociador
nuclear do Irã, Ali Larijani, disse que seu país está disposto
"positivamente" a negociar a
questão com os americanos,
mas rejeita que a interrupção
do enriquecimento de urânio
seja uma precondição.
Em Nova York, o sueco Hans
Blix, ex-chefe dos inspetores da
ONU que procuraram armas de
destruição em massa no Iraque, acusou os americanos de
procurarem "humilhar" o Irã.
Argumentou que a administração Bush não promete nada em
troca, caso o país cesse a produção de combustível nuclear.
"Armas iranianas"
O "New York Times" atribui
ao comando militar americano
no Iraque a informação de que
um arsenal, descoberto na cidade de Hilla traria provas
"contundentes" da ingerência
iraniana nos atentados contra
soldados dos Estados Unidos.
Entre os dispositivos encontrados há sensores infravermelhos e de mira eletrônica. O jornal diz, no entanto, que alguns
especialistas acreditam que esses equipamentos podem ter
como origem outros países do
Oriente Médio.
Com agências internacionais
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