São Paulo, Sábado, 27 de Fevereiro de 1999
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Etnias nigerianas trouxeram orixás ao Brasil

da Redação

Religião, música, comida, plantas medicinais e uma rebelião social. Essas são apenas algumas das influências que os nigerianos trouxeram para o Brasil.
A Nigéria foi uma das principais fontes de escravos para o Brasil durante o período colonial, principalmente no século 17.
Somando mais de 50% da população, os dois principais grupos étnicos da Nigéria são os iorubas e os haussas (islâmicos).
Ambas as etnias vieram para o Brasil. Também foram para Cuba.
Após algumas décadas de colonização, os grupos iorubas ficaram conhecidos no Brasil como nagô. Os haussas receberam o nome de malé na Bahia, mas na região sul do país eram conhecidos de outra forma: alufás.
A cultura desses dois grupos pode ser encontrada ainda hoje no Brasil, principalmente na Bahia.
Uma forte contribuição dos grupos nigerianos é a utilização medicinal de plantas. No livro "Ewé" (Companhia das Letras, 1995), o etnólogo e fotógrafo francês Pierre Fatumbi Verger publica um manual sobre fórmulas de remédios iorubas.
Todas as fórmulas foram resultado de décadas de pesquisa de Verger, que morreu na Bahia em 1996.

Orixás
Os iorubas cultuam os orixás. O sincretismo do culto africano, trazido pelos escravos, com o catolicismo originou o candomblé praticado no Brasil, também conhecido como cultura nagô.
Os orixás são fenômenos da natureza que ajudam os homens a alcançar seus objetivos. Xangô, por exemplo, é o orixá da justiça, representado por raios e trovões.
Os iorubas também marcaram sua influência na culinária brasileira, com o acarajé, por exemplo. Milho, feijão e mandioca são alguns dos ingredientes muito usados na comida ioruba.
Na música, sua influência se percebe com os atabaques, e, na língua, com palavras como "axé" e "olodum".

Revolta
Na história, em 1835, alguns negros organizaram uma rebelião no Brasil. O ato, que ficou conhecido como a Revolta dos Malés, foi logo sufocado e, seus líderes, deportados do país.


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