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EUA
Empresa faz acordo com funcionários
Texaco paga
US$ 176 mi
por racismo
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
A Texaco, uma das principais
empresas petrolíferas dos EUA,
vai pagar US$ 176,1 milhões a todos os funcionários negros da
companhia e de suas subsidiárias
empregados entre 23 de março de
1991 e 15 de novembro de 1996, por
causa de comentários racistas de
alguns de seus mais importantes
executivos e gravados em fita.
Cada pessoa vai receber entre
US$ 60 mil e US$ 80 mil, segundo
os cálculos dos advogados que
processaram a Texaco.
O juiz federal Charles Brieant,
que oficializou o acordo, ainda
não estabeleceu quanto a companhia terá de pagar aos advogados
vitoriosos, que querem US$ 44 milhões, o equivalente a 25% do total
da indenização.
Além da soma em dinheiro, a Texaco ainda implantou programas
para aumentar o recrutamento de
minorias étnicas para seus quadros, escolher mais fornecedores
entre empresas que pertençam a
negros, hispânicos e mulheres e
dar mais oportunidades de promoção funcional aos seus funcionários negros e hispânicos.
Os grupos de defesa dos direitos
civis que lideraram a ação coletiva
contra a Texaco saudaram a decisão do juiz Brieant como um avanço no respeito a minorias nas grandes corporações dos EUA.
O reverendo negro Jesse Jackson, que no fim do ano passado
comandou um boicote contra os
produtos da Texaco, também se
disse satisfeito. Logo após o anúncio do boicote liderado por Jackson, duas vezes aspirante à Presidência dos EUA, a Texaco fechou o
acordo, consagrado ontem.
Pelo acordo, a Texaco nega que
tenha cometido qualquer crime, e
os funcionários abrem mão em definitivo do direito de acusá-la de
discriminação racial.
Mas a empresa ainda não se livrou do estigma. Um engenheiro a
está processando por não ter sido
escolhido para uma vaga aberta na
Texaco. Segundo o acusador, a
empresa não o contratou apenas
pelo fato de ele ser negro.
Os executivos que tiveram suas
vozes gravadas em uma fita de áudio na qual eles se referem a negros
de maneira depreciativa foram demitidos. A gravação das conversas
entre eles também indica que os
executivos pretendiam destruir
evidências da Justiça, que examinava a ação coletiva por discriminação racial iniciada em 1994.
As fitas foram entregues aos advogados dos funcionários pelo
ex-diretor de recursos humanos
da empresa Richard Lundwall, que
foi indiciado por obstrução da Justiça mesmo depois de ter resolvido
cooperar com os empregados negros. Lundwall foi o único dos executivos envolvidos processado.
Todos os funcionários negros da
Texaco aceitaram o acordo.
Brieant decidiu que, embora um
funcionário pudesse receber indenização maior se acionasse a Texaco individualmente, o acordo
atende à Justiça por dar rapidez e
praticidade à decisão e devido à
sua alta carga simbólica em função
das cifras da indenização.
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