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MISTÉRIO
Vencedor dá
poucas pistas
sobre governo
do enviado especial
Qual será a Rússia que
emerge das eleições? O governo Putin vai trilhar o caminho de uma democracia
com livre mercado ou o de
uma "ditadura da lei" com
monopólios privados?
Provavelmente um pouco
dos dois, mas isso terá de ser
respondido pelo próprio Putin, que até hoje deu poucas
pistas do que pretende fazer
quando tirar o "em exercício" de seu título.
A oposição teme que Putin
acabe com as eleições para
os governos locais. "Seria
um choque, mas é possível",
disse Oksana Antonenko, do
Instituto Internacional de
Estudos Estratégicos.
Outra medida é esperada,
mas sem tanta apreensão:
um referendo para expandir
de quatro para sete anos o
mandato presidencial que
começa em maio.
Até agora, a única política
concreta de Putin, desde que
assumiu como premiê, diz
respeito ao Cáucaso. Resumiu-a em entrevista no começo do ano: "Vamos caçar
os bandidos tchetchenos,
nem que seja no banheiro".
E assim foi. Ontem ainda
havia combates na República separatista, e provavelmente haverá luta por diversas semanas.
A "ditadura da lei", suspeita- se, irá fazer o governo
apontar também para o crime organizado. Para a revista britânica "The Economist", a Rússia é a "maior
cleptocracia do mundo".
Putin tem como reprimir o
crime organizado em suas
esferas mais baixas. Para isso, basta usar a força que
usou na Tchetchênia -os
EUA irão protestar, a União
Européia irá emitir notas
condenatórias, mas, no fim
do dia, todos sentarão à mesa para os brindes e evitarão
falar no "assunto interno
russo".
Mas Putin será testado
mesmo quando confrontado ao topo da economia russa, os oligarcas. A eles são associados todos os tipos de
crime, sem provas evidentes.
Em entrevista ao jornal
russo "Vedemosti", o oligarca-modelo, Boris Berezovski, hoje membro do Parlamento, foi claro sobre o que
pensa das declarações de Putin de que os oligarcas seriam "cidadãos comuns" em
seu governo. "Nunca vai
acontecer. Suas palavras são
corretas. Para eleitores."
Sobre economia, Putin parece ser um reformista mais
moderado. "Os ultraliberais
tiveram sua chance e não
aproveitaram", afirma Antonenko, que descarta retrocesso econômico.
A relação com o Ocidente
deverá melhorar, embora algumas tensões devido à busca de uma nova identidade
russa devam ocorrer. Quanto à suposta "KGBização" do
futuro governo Putin, há a já
famosa declaração de que
seus antigos colegas o ajudarão a combater o crime.
Como escreveu recentemente o jornal "Financial Times", Putin parece ter uma
visão bolchevista de resolução imediata, à força, dos
problemas. Como a Rússia
de hoje, disse o "FT", é "o
pior dos pesadelos de Karl
Marx" em termos de capitalismo selvagem, fica o temor
sobre quais meios ele usará
para lidar com o desafio.
(IG)
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