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LEGISLATIVAS
Iraque busca
legitimidade
com eleições
PAULO DANIEL FARAH
enviado especial a Bagdá
Mais de 8,5 milhões de iraquianos devem ir às urnas hoje para
eleger um novo Parlamento para
os próximos quatro anos.
Entre os 552 candidatos, figuram Uday Saddam Hussein, filho
do presidente Saddam Hussein,
Saadun Hammadi, presidente do
Parlamento, e o ex-ministro da
Cultura Hammed Yussef Hammadi.
É a primeira vez que Uday, 35,
formado em engenharia e doutor
em ciências políticas pela Universidade de Bagdá, concorre às eleições legislativas.
Das 250 cadeiras do Parlamento, 30 serão nomeadas pelo governo, pois se referem a Províncias
do norte do país sobre as quais o
Iraque não tem controle desde
1991, quando curdos promoveram uma rebelião na região.
"Trinta cadeiras estão reservadas para a região autônoma, que
vive em circunstâncias excepcionais como resultado da presença
estrangeira que nega aos cidadãos
a chance de votar livremente",
afirma o ministro da Justiça iraquiano, Shabib Al Maliki.
A região onde se concentram os
curdos foi declarada zona de exclusão aérea pelos EUA e pelo
Reino Unido, após a Guerra do
Golfo (1991).
Maliki disse que as eleições são
uma resposta às acusações ocidentais contra Bagdá de ausência
de democracia. "A liderança acredita que essa liberdade ajuda a
formar uma posição contra a
agressão diária dos EUA e do Reino Unido."
Em Bagdá, 3.145.150 pessoas
podem escolher entre os 136 candidatos os nomes que vão eleger
para ocupar 62 cadeiras no Parlamento. Cada concorrente tem direito ao mesmo número de fotos,
cartazes e folhetos. "Os candidatos tiveram igual acesso à imprensa estatal durante a campanha",
explica o ministro da Justiça.
Porém todos os deputados são
obrigados, por lei, a apoiar os
princípios da revolução de julho
de 1968, que levou o partido Baath
ao poder. Em outras palavras, não
há verdadeira oposição no país.
Ontem, Saddam Hussein se
reuniu, pela primeira vez desde a
Guerra do Golfo, com um oficial
da ONU. Ele recebeu em Bagdá o
coordenador das ações da ONU
no Iraque, Hans von Sponeck,
que, no mês passado, anunciou
que deixará seu posto no final de
março, criticando a atuação da
organização no Iraque.
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