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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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AÇÃO MILITAR

Iraquianos se movem rumo ao sul; Pentágono manda mais 30 mil homens ao golfo

Iraque e EUA reforçam frentes de luta

DA REDAÇÃO

Milhares de soldados iraquianos deixaram ontem Bagdá para fortalecer as frentes de batalha nas duas principais rotas que levam à capital, no mesmo dia em que os norte-americanos anunciaram o envio de mais 30 mil homens para o golfo Pérsico.
No começo do dia, a rede de TV CNN havia informado que um comboio de cerca de mil veículos blindados seguia pelo caminho que leva a Karbala e Najaf, onde está concentrada a divisão Medina, que combate as forças dos Estados Unidos lideradas pela 3ª Divisão de Infantaria.
Os blindados iraquianos teriam aproveitado a tempestade de areia para se deslocar sem serem vistos. Ontem à noite, no entanto, o Pentágono revisou a informação, dizendo que a coluna iraquiana provavelmente tinha "uns poucos veículos". Segundo o general Richard Myers, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, tratava-se de veículos leves.
A região de Karbala foi palco dos mais sangrentos combates do conflito. Os americanos afirmam que cerca de mil iraquianos morreram nessa área nas últimas 72 horas. O Iraque não admite as baixas e declara ter matado soldados inimigos e abatido um helicóptero, 11 tanques e 12 veículos de combate em 24 horas. Oficiais dos EUA reconhecem a perda de alguns tanques e blindados.
Outra força iraquiana foi identificada por comandos americanos de inteligência em deslocamento em direção a Kut, a sudeste de Bagdá. Seriam cerca de 3.000 homens para engrossar o contingente de 2.000 soldados da divisão Bagdá que já está na região.
Essas tropas de Saddam seguiram para área da qual se aproximam os fuzileiros navais americanos que cruzaram o rio Eufrates nas proximidades de Nassiriah.
Oficiais dos EUA disseram que 12 de seus homens podem ter morrido no ataque iraquiano a um comboio de suprimentos em Nassiriah. Os americanos afirmam que essa tática tem sido usada nos últimos dias por paramilitares ligados a Saddam Hussein.
O governo iraquiano, por sua vez, afirmou que combates nessa região deixaram cerca de 500 civis iraquianos feridos e 200 casas destruídas. O Pentágono não comentou essa informação.
Completando a maior movimentação de forças de Saddam desde o início dos combates, uma coluna de até 120 veículos iraquianos deixou Basra, no sul do país, e seguiu em direção à península de Faw, na mesma região. A coluna foi bombardeada por aviões da coalizão anglo-americana, cujas tropas cercam a cidade.

EUA se reforçam
Antes do início dessa movimentação iraquiana, o Pentágono anunciou o envio de mais de 30 mil homens para o golfo, reforçando suas tropas na região, que já contam com 250 mil soldados.
Foi confirmado o envio dos 16 mil homens da 4ª Divisão de Infantaria, considerada a divisão mais sofisticada tecnologicamente do Exército dos EUA (leia abaixo). O plano inicial era usar essa força especial para chegar a Bagdá pelo norte do país, tática abortada depois que a Turquia vetou o uso de seu território como ponto de partida para soldados dos EUA.
Ontem os EUA decidiram fazer o primeiro movimento significativo de tropas no norte do Iraque, com o lançamento de mil pára-quedistas -o que indicaria abertura de nova frente de ataque.
Em discurso em base na Flórida, o presidente dos EUA, George W. Bush, disse que "chegará o dia do ajuste de contas para o regime iraquiano, e esse dia se aproxima". "Nossos pilotos e mísseis atingiram alvos militares vitais com precisão letal", completou Bush.
Para embasar esse discurso, o general Stanley McChrystal, vice-diretor de operações do Departamento de Estado dos EUA, afirmou que suas forças já lançaram mais de 600 mísseis Tomahawk e 4.300 armas guiadas por satélite desde o início da invasão.
Passada a "trégua" de algumas horas, depois de disparos de mísseis, que atingiram uma zona comercial, deixando 15 mortos e pelo menos 30 feridos, Bagdá voltou a ser bombardeada na madrugada de hoje (no Iraque). Pelo menos dez grandes explosões ocorreram na cidade, segundo a rede de TV Al Jazeera.


Com agências internacionais


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