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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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BATALHA

País esperava só contornar a cidade, mas tropas leais a Saddam fizeram resistência feroz

EUA cercam Najaf e matam mil

STEVEN LEE MYERS
DO THE NEW YORK TIMES, COM A
3ª DIVISÃO DE INFANTARIA

A 3ª Divisão de Infantaria do Exército dos EUA cercou a cidade de Najaf na manhã de ontem, depois de tomar três pontes sobre o rio Eufrates nos mais ferozes combates que a unidade enfrentou desde o começo da guerra.
O general Buford Blount, comandante da divisão, disse ontem que cerca de mil militares iraquianos morreram na batalha pela cidade nas últimas 72 horas.
Os combates em torno de Najaf, que duraram mais de 36 horas, bem como as tempestades de areia e o terreno, retardaram consideravelmente a marcha da divisão rumo ao norte. Uma tempestade de areia violenta que atingiu o centro do Iraque na terça continuou ontem, sem perder a intensidade, reduzindo a visibilidade a algumas centenas de metros.
Najaf, uma cidade de mais de 100 mil habitantes cerca de 150 km ao sul de Bagdá, não era um dos objetivos militares da divisão, e os comandantes da unidade dizem que não pretendem ocupá-la. Mas foram forçados a fechar o cerco à localidade, já que as forças iraquianas lá concentradas atacaram as tropas repetidamente depois que elas atravessaram escarpa a oeste da cidade no domingo.
"O que fizemos foi cercar a cidade e isolá-la", disse Blount.
O comandante iraquiano no interior de Najaf telefonou aos seus superiores em Bagdá ontem para informar que estava cercado, disse o oficial norte-americano na região, mas até mil combatentes, supostamente membros de grupos de milícia intensamente leais a Saddam, continuaram ativos.
Na manhã e uma vez mais no começo da noite de quarta-feira, as baterias de artilharia da 3ª Divisão bombardearam repetidamente os soldados iraquianos, alguns deles em tanques e a maior parte em veículos de transporte -que tentavam reforçar as defesas da cidade vindos do norte e do sul. O major Benjamin M. Matthews, comandante de artilharia, disse que as barragens, reforçadas por ataques aéreos, haviam destruído mais de duas dúzias de veículos iraquianos, matando centenas.
As Forças Armadas iraquianas parecem ter decidido combater sem recuo em Najaf, ainda que os soldados presentes na cidade sejam em sua maioria membros da milícia do Partido Baath, de Saddam, e de dois outros grupos, o Fedayeen e o Al Quds.
Blount disse que estava surpreso com a intensidade da resistência iraquiana, algo que forçou alterações no plano do Exército de avançar rapidamente em direção às defesas de Bagdá, ocupadas pelas divisões de elite da Guarda Republicana iraquiana. O general acrescentou que parecia que Bagdá continuava a manter algum controle sobre suas tropas.
"Eles estão combatendo com razoável tenacidade", disse Blount. "Estão organizados, e alguns deles contam com equipamento razoável."
Um soldado da 3ª Divisão de Artilharia, artilheiro em um tanque, foi morto na segunda-feira. Além disso, dois tanques e um veículo de combate Bradley, que acompanham a divisão, foram destruídos por mísseis antitanque. Oficiais da unidade acreditam que o míssil possa ser um novo modelo russo, conhecido como Cornet, adquirido a despeito das sanções da ONU quanto a vendas de armas ao Iraque.
A situação dentro de Najaf em si, um dos lugares mais sagrados para o ramo xiita do islamismo, porque abriga a sepultura de Ali, primo do profeta Mohamed, continua incerta. A população local é predominantemente xiita, que já se rebelaram contra o regime de Saddam, sunita. Mas as forças de segurança leais a Saddam ainda controlam a cidade.
Blount disse que esteve em contato com líderes xiitas e esperam que eles assumam o controle após a rendição das tropas de Saddam.
A batalha em torno da cidade, a mais intensa que a divisão já enfrentou, começou na noite de segunda-feira, quando a 1ª Brigada enviou uma companhia de tanques a uma ponte ao norte da cidade, com o objetivo de atravessar o rio e bloquear as principais estradas que conduzem ao norte. Foi a primeira vez que tropas da divisão cruzaram o rio Eufrates. Depois que três tanques atravessaram, os iraquianos detonaram explosivos, enfraquecendo a ponte e isolando os tanques. Os engenheiros da unidade reparam a ponte A despeito da cabeça-de-ponte norte-americana, as forças iraquianas continuaram a atacar, assaltos descritos por soldados como fúteis mas quase fanáticos.


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