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BATALHA
País esperava só contornar a cidade, mas tropas leais a Saddam fizeram resistência feroz
EUA cercam Najaf e matam mil
STEVEN LEE MYERS
DO THE NEW YORK TIMES, COM A
3ª DIVISÃO DE INFANTARIA
A 3ª Divisão de Infantaria do
Exército dos EUA cercou a cidade
de Najaf na manhã de ontem, depois de tomar três pontes sobre o
rio Eufrates nos mais ferozes
combates que a unidade enfrentou desde o começo da guerra.
O general Buford Blount, comandante da divisão, disse ontem
que cerca de mil militares iraquianos morreram na batalha pela cidade nas últimas 72 horas.
Os combates em torno de Najaf,
que duraram mais de 36 horas,
bem como as tempestades de
areia e o terreno, retardaram consideravelmente a marcha da divisão rumo ao norte. Uma tempestade de areia violenta que atingiu
o centro do Iraque na terça continuou ontem, sem perder a intensidade, reduzindo a visibilidade a
algumas centenas de metros.
Najaf, uma cidade de mais de
100 mil habitantes cerca de 150
km ao sul de Bagdá, não era um
dos objetivos militares da divisão,
e os comandantes da unidade dizem que não pretendem ocupá-la.
Mas foram forçados a fechar o
cerco à localidade, já que as forças
iraquianas lá concentradas atacaram as tropas repetidamente depois que elas atravessaram escarpa a oeste da cidade no domingo.
"O que fizemos foi cercar a cidade e isolá-la", disse Blount.
O comandante iraquiano no interior de Najaf telefonou aos seus
superiores em Bagdá ontem para
informar que estava cercado, disse o oficial norte-americano na região, mas até mil combatentes,
supostamente membros de grupos de milícia intensamente leais
a Saddam, continuaram ativos.
Na manhã e uma vez mais no
começo da noite de quarta-feira,
as baterias de artilharia da 3ª Divisão bombardearam repetidamente os soldados iraquianos, alguns
deles em tanques e a maior parte
em veículos de transporte -que
tentavam reforçar as defesas da
cidade vindos do norte e do sul. O
major Benjamin M. Matthews,
comandante de artilharia, disse
que as barragens, reforçadas por
ataques aéreos, haviam destruído
mais de duas dúzias de veículos
iraquianos, matando centenas.
As Forças Armadas iraquianas
parecem ter decidido combater
sem recuo em Najaf, ainda que os
soldados presentes na cidade sejam em sua maioria membros da
milícia do Partido Baath, de Saddam, e de dois outros grupos, o
Fedayeen e o Al Quds.
Blount disse que estava surpreso com a intensidade da resistência iraquiana, algo que forçou alterações no plano do Exército de
avançar rapidamente em direção
às defesas de Bagdá, ocupadas pelas divisões de elite da Guarda Republicana iraquiana. O general
acrescentou que parecia que Bagdá continuava a manter algum
controle sobre suas tropas.
"Eles estão combatendo com
razoável tenacidade", disse
Blount. "Estão organizados, e alguns deles contam com equipamento razoável."
Um soldado da 3ª Divisão de
Artilharia, artilheiro em um tanque, foi morto na segunda-feira.
Além disso, dois tanques e um
veículo de combate Bradley, que
acompanham a divisão, foram
destruídos por mísseis antitanque. Oficiais da unidade acreditam que o míssil possa ser um novo modelo russo, conhecido como Cornet, adquirido a despeito
das sanções da ONU quanto a
vendas de armas ao Iraque.
A situação dentro de Najaf em
si, um dos lugares mais sagrados
para o ramo xiita do islamismo,
porque abriga a sepultura de Ali,
primo do profeta Mohamed, continua incerta. A população local é
predominantemente xiita, que já
se rebelaram contra o regime de
Saddam, sunita. Mas as forças de
segurança leais a Saddam ainda
controlam a cidade.
Blount disse que esteve em contato com líderes xiitas e esperam
que eles assumam o controle após
a rendição das tropas de Saddam.
A batalha em torno da cidade, a
mais intensa que a divisão já enfrentou, começou na noite de segunda-feira, quando a 1ª Brigada
enviou uma companhia de tanques a uma ponte ao norte da cidade, com o objetivo de atravessar o rio e bloquear as principais
estradas que conduzem ao norte.
Foi a primeira vez que tropas da
divisão cruzaram o rio Eufrates.
Depois que três tanques atravessaram, os iraquianos detonaram
explosivos, enfraquecendo a ponte e isolando os tanques. Os engenheiros da unidade reparam a
ponte A despeito da cabeça-de-ponte norte-americana, as forças
iraquianas continuaram a atacar,
assaltos descritos por soldados
como fúteis mas quase fanáticos.
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