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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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General Franks deixou Bin Laden fugir

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O general Tommy Franks, comandante da atual guerra contra o Iraque, tem em seu currículo um dos mais retumbantes fracassos militares na história recente dos EUA, segundo avaliação de seus próprios pares: a fuga de Osama bin Laden de Tora Bora, cidade afegã próxima à fronteira com o Paquistão.
Franks foi encarregado de caçar Bin Laden por dirigir o Comando Central norte-americano, uma divisão das Forças Armadas responsável por um território que abrange 25 países do Oriente Médio e da Ásia Central, entre eles o Afeganistão.
O general cometeu pelo menos três erros no Afeganistão. O mais primário foi comandar a busca ao terrorista saudita de Tampa, na Flórida, a mais de 13 mil quilômetros das cavernas afegãs onde os militantes da Al Qaeda haviam se refugiado. Não havia patente mais alta do que coronel em Tora Bora, o que torna a cadeia de comandos muito lenta.
O erro número dois foi superestimar a capacidade dos ataques aéreos. A falha, nesse caso, não pode ser atribuída só a Franks. O grande adepto dos ataques aéreos é Donald Rumsfeld, o secretário da Defesa dos EUA.
Michael E. O'Hanton, estudioso de estratégias militares do Brookings Institution, um dos mais refinados centros de estudos de Washington, diz que o fracasso em Tora Bora mostrou o quanto era "óbvio" que esse tipo de combate teria de ser feito com forças terrestres.
A terceira falha foi a confiança de Franks nas forças tribais afegãs. Para ter o apoio das tribos, o general encarregou-as de vedar a fronteira com o Paquistão. Não há muitas dúvidas que foi por lá que Bin Laden e outros líderes da Al Qaeda escaparam.
O general parece não ter ponderado que essas forças tribais são corruptas -fazem qualquer coisa por dinheiro.

Amigo de Bush
Não é muito fácil entender por que Franks foi escolhido para comandar a guerra contra o Iraque.
O general é texano e amigo do presidente George W. Bush -estudou na mesma escola que Laura, a primeira-dama norte-americana.
Outra razão é que Rumsfeld, o superior de Franks, é cada vez mais um general sem divisões. Foi ele quem obrigou Franks a refazer três vezes a estratégia para invadir o Iraque, até chegar a um plano que se parece muito com o que fracassou na operação no Afeganistão, com o uso intensivo de ataques aéreos.


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