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General Franks deixou Bin Laden fugir
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O general Tommy Franks, comandante da atual guerra contra
o Iraque, tem em seu currículo
um dos mais retumbantes fracassos militares na história recente
dos EUA, segundo avaliação de
seus próprios pares: a fuga de
Osama bin Laden de Tora Bora,
cidade afegã próxima à fronteira com o Paquistão.
Franks foi encarregado de caçar
Bin Laden por dirigir o Comando
Central norte-americano, uma divisão das Forças Armadas responsável por um território que
abrange 25 países do Oriente Médio e da Ásia Central, entre eles o
Afeganistão.
O general cometeu pelo menos
três erros no Afeganistão. O mais
primário foi comandar a busca ao
terrorista saudita de Tampa, na
Flórida, a mais de 13 mil quilômetros das cavernas afegãs onde os
militantes da Al Qaeda haviam se
refugiado. Não havia patente mais
alta do que coronel em Tora Bora,
o que torna a cadeia de comandos
muito lenta.
O erro número dois foi superestimar a capacidade dos ataques
aéreos. A falha, nesse caso, não
pode ser atribuída só a Franks. O
grande adepto dos ataques aéreos
é Donald Rumsfeld, o secretário
da Defesa dos EUA.
Michael E. O'Hanton, estudioso
de estratégias militares do Brookings Institution, um dos mais refinados centros de estudos de
Washington, diz que o fracasso
em Tora Bora mostrou o quanto
era "óbvio" que esse tipo de combate teria de ser feito com forças
terrestres.
A terceira falha foi a confiança
de Franks nas forças tribais afegãs. Para ter o apoio das tribos, o
general encarregou-as de vedar a
fronteira com o Paquistão. Não há
muitas dúvidas que foi por lá que
Bin Laden e outros líderes da Al
Qaeda escaparam.
O general parece não ter ponderado que essas forças tribais são
corruptas -fazem qualquer coisa por dinheiro.
Amigo de Bush
Não é muito fácil entender por
que Franks foi escolhido para comandar a guerra contra o Iraque.
O general é texano e amigo do
presidente George W. Bush -estudou na mesma escola que Laura, a primeira-dama norte-americana.
Outra razão é que Rumsfeld, o
superior de Franks, é cada vez
mais um general sem divisões. Foi
ele quem obrigou Franks a refazer
três vezes a estratégia para invadir
o Iraque, até chegar a um plano
que se parece muito com o que
fracassou na operação no Afeganistão, com o uso intensivo de
ataques aéreos.
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