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São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2003

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COMUNICAÇÃO

Emissora de filho de Saddam é uma das que pararam de transmitir após ataque

Atingidas, duas TVs saem do ar

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A BAGDÁ

Carregando debaixo do braço o motor de um dos quatro mísseis terra-ar Tomahawk que teriam atingido a sede da rádio e televisão iraquiana, o ministro da Informação do país, Mohammed Said al Sahaf, confirmou que houve dois ataques ao prédio da emissora, um na noite de terça-feira e outro na manhã de ontem.
"Dos quatro, conseguimos derrubar um", afirmou Al Sahaf. Pela manhã, o prédio que abriga os estúdios dos três canais televisivos e das três emissoras de rádio soltava fumaça preta e mostrava sinais de rachadura e janelas quebradas.
Apenas um canal de vídeo e um de áudio continuam no ar. Pararam de transmitir por tempo indeterminado a TV Iraque e a TV Jovem, dirigida por Uday Hussein, primogênito de Saddam.
O primeiro ataque da coalizão militar anglo-americana ocorreu por volta das 23h30 locais (17h30 de Brasília) de terça e tirou todas as TVs do ar por algumas horas.
De volta com um gerador de emergência, o sinal sumiu de vez às 4h50 de hoje, após nova explosão. No final da manhã, voltaram apenas as transmissões do canal por satélite, em caráter precário e de local não identificado.
O ataque foi condenado por diversas entidades internacionais civis e de jornalismo, mas o prédio foi considerado um alvo militar legítimo pelas Forças Armadas dos EUA, já que a emissora transmitiria ordens da direção para as tropas que combatem no sul do Iraque contra a coalizão invasora.

Retaliação
Rumores na cidade davam conta de que seria uma retaliação dos Estados Unidos ao fato de a emissora de TV iraquiana ter exibido imagens de prisioneiros de guerra norte-americanos e de corpos de soldados da coalizão.
Segundo a TV norte-americana CBS, a emissora iraquiana teria sido atingida por uma bomba experimental eletromagnética secreta, chamada de "bomba E", que provoca uma emissão de microondas que paralisa computadores, radares e rádios, corta a energia e afeta a ignição de carros e aviões.
O Pentágono não confirmou a informação, mas afirmou que ao menos 40 mísseis de cruzeiro foram lançados de embarcações no golfo Pérsico e no mar Vermelho tendo como alvo locais que dispunham de contato com satélite.

Guarda Republicana
Durante todo o dia de ontem, bombas e mísseis continuaram a cair sobre Bagdá, pelo menos 24 deles no sul da cidade, tendo como alvo principal posições da temida Guarda Republicana.
No final da noite, era possível ouvir o que parecia ser barulho de artilharia vindo daquela área, fato não confirmado pelo governo iraquiano, segundo o qual as tropas da coalizão estão longe da capital.
Na cidade inteira, as barricadas ganharam reforço em sua estrutura, às vezes até com sacos de adubo, e bandeiras nacionais, que foram fincadas em cada esquina. Segundo o ministro da Informação iraquiano, mais um avião e dois helicópteros norte-americanos teriam sido derrubados em Bagdá nas últimas 24 horas.


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