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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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Exilados iraquianos ajudarão EUA

DO "THE NEW YORK TIMES"

O Pentágono começou a enviar um grupo de exilados iraquianos a Bagdá para que faça parte do governo provisório norte-americano no Iraque ocupado, disseram anteontem fontes do governo.
Os exilados, alguns dos quais são atualmente cidadãos dos EUA ou de países europeus, têm experiência administrativa ou governamental e devem ocupar postos nos 23 ministérios iraquianos.
Trabalharão com as equipes compostas por americanos e britânicos sob o comando de Jay Garner, o general reformado responsável pela administração civil do Iraque pós-Saddam.
O grupo foi formado dois meses atrás e já vem trabalhando nos EUA. São engenheiros, administradores civis e outros profissionais, alguns dos quais serviram no governo iraquiano nos anos 70 e 80, antes de deixar o país.
A tarefa dos exilados, organizados na forma de um Conselho Iraquiano de Reconstrução e Desenvolvimento, será reconstruir as estruturas de um governo que seria entregue, no prazo de algumas semanas, a uma autoridade interina iraquiana.
De acordo com os planos dos EUA, essa autoridade interina iraquiana governaria o país, sob supervisão dos EUA, até a realização de eleições, que podem, no entanto, demorar até dois anos.
Amanhã, deverá ocorrer, em Bagdá, uma reunião entre Garner e líderes políticos e religiosos iraquianos para discutir a reconstrução política do Iraque.
Um consenso no seio do governo americano favorece "um avanço rápido de preferência ao lento" na formação de um governo de iraquianos, disse um importante funcionário norte-americano, em parte "porque queremos remover a aparência de que essa é uma operação dos Estados Unidos".
A equipe de tecnocratas iraquianos foi selecionada pelo secretário assistente da Defesa Paul Wolfowitz, mas oficialmente trabalha para uma empresa de defesa contratada, a SAIC.
Está sob o comando de Emad Dhia, engenheiro que deixou o Iraque 21 anos atrás. Entre os 150 que integram a equipe, pelo menos dez, incluindo Dhia, partiram para o Kuait na sexta-feira. Pelo menos 25 devem chegar a Bagdá no final da semana. Dhia, que está de licença de seu emprego no grupo farmacêutico Pfizer, baseado em Michigan, descreveu a missão da equipe como "uma tarefa imensa". "É algo com que sempre sonhamos", acrescentou.

Ministério do Petróleo
Depois de afirmar por meses que deixaria os iraquianos cuidarem de seu petróleo, o governo Bush deve anunciar, nos próximos dias, um plano que colocará a produção diária do produto sob a responsabilidade de alguns funcionários graduados do Ministério do Petróleo iraquiano, segundo pessoas que conversaram com representantes do governo e antigos funcionários da burocracia petroleira iraquiana.
Segundo essas fontes, os EUA querem desenvolver uma estrutura de base empresarial para o setor petrolífero iraquiano, sob a administração do general Garner.
Uma equipe de quatro ou cinco executivos iraquianos dirigiria o ministério, com um deles funcionando "mais ou menos como chefe", segundo plano cujas linhas gerais foram reveladas sexta-feira em uma reportagem do "The Wall Street Journal".
O executivo-chefe do ministério se reportaria a, e talvez seja parte de, um comitê consultivo que incluiria outros funcionários iraquianos do setor, além de americanos e britânicos. O objetivo, de acordo com informações não confirmadas, é que os iraquianos sejam maioria no comitê.
O comitê consultivo seria presidido por Philip Carroll, ex-executivo da Royal Dutch/Shell. Ele, por sua vez, se reportaria a Garner, diretor do Escritório para a Administração e Ajuda Humanitária (Erah), responsável pela administração civil do Iraque.


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