São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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SOCIEDADE

Mapeamento de casais homossexuais mostra que o número deles triplicou em dez anos e que eles estão espalhados pelo país

EUA ganham "Atlas de Gays e Lésbicas"

Hector Mata - 19.fev.2004/France Presse
Julie Stevens e Claudia Vasquez no dia em que obtiveram licença para casar, em San Francisco


ALISON BEARD
DO "FINANCIAL TIMES"

Há uma década, quando o demógrafo Gary Gates começou a pesquisar casais homossexuais nos EUA, o tema era relativamente novo. O censo de 1990 registrou menos de 150 mil residências, em todo o país, habitadas por casais não casados do mesmo sexo. As empresas americanas estavam apenas começando a oferecer benefícios aos parceiros domésticos de seus funcionários.
O setor do entretenimento ainda estava a anos de distância de "Will & Grace", "Queer as Folk" e outros programas de TV que focalizam personagens gays e lésbicas. Hoje os casais homossexuais já se tornaram muito mais comuns e aceitos e, ironicamente, estão no centro de uma disputa acirrada que marca este ano eleitoral americano.
A polêmica começou quando um tribunal do Massachusetts ratificou a legalidade de um casamento homossexual e cresceu quando autoridades municipais de cidades desde San Francisco até New Paltz, Estado de Nova York, começaram a desafiar as leis estaduais, presidindo sobre centenas de casamentos entre gays e lésbicas e levando o presidente George W. Bush a pedir uma emenda constitucional para proibir os casamentos.
Para Gates, que hoje trabalha para a organização de estudos Urban Institute, o tumulto veio em boa hora. No próximo mês, ele e um colega vão lançar o primeiro "Atlas de Gays e Lésbicas" do país, baseado em dados obtidos do censo de 2000.
O livro, que tem 242 páginas, aponta para a localização e as características de casais do mesmo sexo, chegando a detalhar seus códigos de endereçamento postal, raças e idades, fornecendo informações úteis não apenas para demógrafos, mas também para anunciantes, políticos e grupos de defesa de interesses especiais.
A descoberta que mais chama a atenção no livro é que 594.391 casais de pessoas do mesmo sexo foram contabilizados em 2000, três vezes o número registrado em 1990 (em nenhum dos dois recenseamentos foi anotada a orientação sexual das pessoas, mas ambos anotaram o sexo das pessoas que respondiam ao questionário e o de qualquer adulto que vivesse com elas). A porcentagem de casais homossexuais entre todas as famílias formadas por parceiros não casados subiu de 4,5% para 10,8% do total.
Gates desaconselhou as comparações diretas, porque algumas respostas foram contabilizadas de maneira diferente em 2000 e os casais homossexuais podem ter se sentido mais à vontade para revelar sua situação em 2000 do que em 1990.
Mesmo assim, o atlas revela algumas mudanças interessantes ocorridas nos EUA. Em 1990, 5% dos parceiros gays e 20% das lésbicas informaram ter filhos, contra 20% e mais de 30%, respectivamente, em 2000.
As famílias formadas por casais homossexuais contabilizadas em 2000 se espalham por uma área muito maior do que as de 1990 -aparecem em 99% dos condados americanos, contra 52% dez anos antes.


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