São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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Revista para pais gays faz sucesso no país

THOMAS CRAMPTON
DO "NEW YORK TIMES"

Quando Michelle Darné e sua parceira decidiram criar uma família, encontraram poucas respostas para suas perguntas.
"Tínhamos muitas dúvidas sobre como um casal de lésbicas pode ter filhos. Deveríamos adotar? Uma de nós deveria engravidar? Quais são nossos direitos legais? Onde fica o melhor banco de espermatozóides?", diz Darné.
Além de um boletim de oito páginas distribuído com periodicidade irregular, Darné conta que não encontrou nenhuma publicação que respondesse a essas perguntas. Então decidiram fazer a sua própria revista.
"Em minhas pesquisas em busca de informações, percebi que não estávamos sozinhas e vimos que havia um mercado inexplorado. Naquela altura, adiamos os planos para a família, tiramos US$ 250 mil de nossas economias e rezamos para que esse mercado não reconhecido e não atendido nos adotasse", afirma.
A aposta parece que está dando certo. Três anos depois, Darné e sua companheira, Kathleen Weiss, publicam a revista "And Baby". A cada dois meses sai uma nova edição, abordando temas de interesse para pais gays, lésbicas, bissexuais e transexuais.
Entre os recentes artigos, há "Compra de bonecas com pais gays" (deixe a criança escolher), "Meus filhos serão gays?" (dê apoio em caso afirmativo) e "Transição transexual: contando a seus filhos" (crianças menores aceitam mais rapidamente).
Darné e Weiss, que se conheceram há cinco anos por meio de uma amizade comum, agora também têm gêmeas de um ano: London e Morisot.
A tiragem da revista é de quase 100 mil cópias. Segundo as duas, há 11 mil assinantes, e as vendas em banca somam 3.000. O crescimento da publicação veio principalmente em resposta a uma estratégia de distribuição gratuita de exemplares nas maiores paradas gays do país e em festas gays e clubes para pais do mesmo sexo. "Sabíamos que 90% das pessoas em eventos de orgulho gay são leitores em potencial. Não tínhamos idéia de que estariam tão ansiosos por nossa revista", conta Darné.
No entanto, apesar da popularidade entre os leitores, os anunciantes mantiveram-se céticos. No começo, os anúncios eram de bancos de espermatozóides e agências de adoção, mas depois a revista chamou a atenção de empresas como IBM e Bridgestone, que também procuram atingir a população gay.
Um estudo feito em 2002 pela firma de marketing e relações públicas Witeck-Combs Communications estima que nos EUA 2,6 milhões de casais de gays ou lésbicas vivam em lares com crianças menores de 18 anos.


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