São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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AMÉRICA LATINA

Justiça não vê indícios de que irlandeses treinaram guerrilheiros das Farc; Promotoria recorrerá da decisão

Colômbia absolve supostos membros do IRA

DA REDAÇÃO

Os três irlandeses apontados como membros do grupo terrorista norte-irlandês IRA (Exército Republicano Irlandês) e detidos em agosto de 2001 em Bogotá sob a acusação de dar treinamento militar às guerrilhas terroristas de esquerda Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) foram condenados ontem apenas por falsificação de documentos. A Promotoria recorrerá.
As prisões tiveram bastante repercussão na época, pois foram vistas como prova de uma suposta "rede internacional do terror".
A sentença, lida pela juíza Emilia Montañez, presidente do Conselho Superior do Judiciário, absolve "Martin McCauley, James William Monaghan e Nial Connolly do delito de treinamento para atividades ilícitas".
Segundo o jornal colombiano "El Tiempo", o juiz responsável pela decisão, Jairo Acosta, se negou a ler a sentença alegando ter sofrido "pressões", sem especificar de onde vieram.
Pelo delito de uso de documento público falso, a Justiça condenou McCauley a 36 meses de prisão, Monaghan a 44 meses e Connolly a 26. Todos devem ser soltos, já que na Colômbia toda pena inferior a quatro anos tem direito à prisão condicional após pagamento de fiança, estabelecida em cerca de US$ 6.500 para cada um.
Os três também foram condenados "à expulsão do território", mas devem ficar na Colômbia até o cumprimento da pena e o fim de eventual recurso da Promotoria. Eles serão soltos até amanhã.

Reações
O procurador-geral do país, Luis Camilo Osorio, anunciou que recorrerá da decisão porque considera as evidências contra os três -testemunhos de ex-guerrilheiros e provas técnicas entregues pela Embaixada dos EUA em Bogotá- "suficientes para condená-los por esse crime".
Na Irlanda do Norte, a notícia da absolvição foi comemorada. "Estou feliz com esse resultado. Se tudo correr bem, espero que os três jovens estejam em casa rapidamente", disse a jornalistas o ex-prefeito de Belfast Alec Maskey, hoje deputado pelo Sinn Fein, o braço político do IRA.
Monaghan e McCauley já haviam sido condenados por posse de explosivos. McCauley foi ferido pela polícia em um depósito de armas do IRA há 22 anos. Todos os três negam envolvimento com o grupo terrorista norte-irlandês.
Os acusados admitiram ter se reunido com os guerrilheiros, mas afirmaram que o motivo foi para conhecer as fracassadas negociações de paz.


Com agências internacionais


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