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Venezuelanos são contra fim de canal de TV
Decisão de Chávez de não renovar licença de emissora oposicionista é a mais impopular em seus oito anos de governo
Segundo pesquisa do instituto Datanálisis, só 16% apóiam medida; TV, que produz melhores novelas do país, deve sair do ar em maio
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A decisão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de
não renovar a concessão da
emissora de TV RCTV é a mais
impopular em seus oito anos de
governo, revela uma pesquisa
de opinião do instituto Datanálisis divulgada ontem.
De acordo com o levantamento, o fim da emissora, marcado para 28 de maio, tem o
apoio de apenas 16% da população, enquanto 69% dos entrevistados se disseram contrários. Os demais se declararam
indecisos ou não responderam
à enquete.
"Chávez nunca havia tomado
uma decisão com tanta rejeição", disse o diretor do Datanálisis, Luis Vicente León, durante encontro com jornalistas estrangeiros. "Não se sai ileso de
uma decisão como esta."
De acordo com Vicente León,
a rejeição "não tem nada que
ver com a liberdade de expressão, mas com a liberdade de escolha". Ele disse que o público
venezuelano discorda de que o
governo lhe tire a possibilidade
de assistir às novelas da RCTV
-consideradas as melhores do
país- e outras atrações tradicionais da emissora.
O programa de perguntas
Quem Quer ser Milionário?
tem a maior audiência do país,
enquanto o humorístico Radio
Rochela, há quatro décadas no
ar, é o mais antigo.
A decisão de Chávez de não
renovar a concessão da emissora mais antiga da Venezuela
provocou duras críticas dentro
e fora do país. Anteontem, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) iniciou um processo contra o governo venezuelano por
suposta violação da liberdade
de expressão.
Chávez tem dito que o governo não recuará. Ele afirma que
a decisão é constitucional e
lembra que a RCTV apoiou
abertamente o frustrado golpe
de Estado, em abril de 2002.
O levantamento, realizado na
semana passada com 2.000
pessoas, é parte de uma série de
pesquisas realizadas regularmente pelo Datanálisis para
um grupo de 300 clientes, entre
os quais a RCTV e instituições
públicas. A margem de erro é de
2,2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.
Atentado
Uma bomba de fabricação caseira explodiu na madrugada
de ontem diante da Embaixada
da Bolívia em Caracas. O ataque não deixou feridos nem danos materiais. De acordo com o
que um alto funcionário da embaixada disse à Folha, o ataque
ocorreu às 4h30, quando o artefato foi lançado de um carro
em movimento. O objetivo teria sido que a bomba ultrapassasse o muro da representação,
mas ela caiu na calçada e explodiu. Pedaços da bomba foram
encontrados num raio de até
60 metros, segundo o funcionário boliviano, que pediu anonimato. Um suspeito foi preso
em seguida.
À tarde, o chanceler da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou
um advogado venezuelano ligado "a uma organização da oposição venezuelana" de ser o autor material. Neste fim semana, Evo Morales estará no país
para participar da cúpula da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), formada por
Venezuela, Bolívia, Cuba e Nicarágua.
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