São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Democratas se unem contra Bush em debate

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

No primeiro debate da corrida presidencial de 2008, oito pré-candidatos democratas evitaram ataques entre si e escolheram George W. Bush como alvo seguro, especialmente a condução que o governo vem dando à Guerra do Iraque. "Essa guerra não é nossa", disse Hillary Clinton, logo no começo. "O povo americano falou, republicanos e democratas, que é hora de acabar com essa guerra", concordou Barack Obama, a seguir.
O encontro, histórico por acontecer a 18 meses do pleito, sendo assim o mais precoce da história das eleições presidenciais norte-americanas, reuniu os dois senadores mais o ex-senador John Edwards, os três primeiros colocados nas pesquisas de eleições de votos, e outros cinco nomes desconhecidos do grande público, como o ex-senador Mike Gravel e o congressista Dennis Kucinich.
Descontraídos, enquanto falavam de questões que iam do massacre na Virgínia à recente decisão da Suprema Corte que fortalece grupos antiaborto (todos criticaram), os pré-candidatos se chamavam pelo primeiro nome, e não por sobrenome e posição, como é praxe nesse tipo de evento. O formato, realizado na Universidade Estadual da Carolina do Sul, em Orangeburg, ajudou no clima.
O mediador, o âncora Brian Williams, da NBC, pedia que os políticos se posicionassem em relação a questões com um levantar de mãos. Foi assim quando perguntou quem tinha arma em casa (quatro minoritários levantaram as mãos) e quem era a favor do impeachment do vice-presidente Dick Cheney (apenas Kucinich, autor da idéia).
O confronto direto entre Hillary e Obama, esperado por analistas políticos, acabou não acontecendo. Agora, espera-se que, com o passar do tempo e a consolidação dos nomes, novos debates chamem apenas os mais bem colocados. "Vai ser difícil manter esse formato de múltiplos candidatos", prescreveu o estrategista político democrata James Carville.

Obama dispara
Se fossem hoje as primárias, Hillary estaria virtualmente empatada com Obama. Segundo pesquisa de intenção de voto entre democratas e simpatizantes do partido feita pelo "Wall Street Journal" e a emissora NBC, diminuiu de 12 para 5 pontos percentuais a diferença entre os dois senadores.
Há um mês, a ex-primeira-dama estava isolada em primeiro, com 40%, segundo o levantamento; agora, caiu para 36%. No mesmo período, o senador novato pulou de um distante 28% para um ameaçador 31% -a pesquisa tem margem de erro de 3,1 pontos percentuais. Primárias são o processo pelo qual cada partido majoritário escolhe seu candidato para disputar as eleições nos EUA.

Arrecadação
Barack Obama deve sua ascensão a dois fatores: a impressionante quantidade de dinheiro em doações que conseguiu levantar no primeiro trimestre do ano, um indicador de que o establishment norte-americano leva sua candidatura a sério; e o câncer da mulher do terceiro colocado, o ex-senador John Edwards, que angariou simpatia para sua candidatura e ajudou a roubar pontos de Hillary.
A senadora levantou US$ 36 milhões, um recorde histórico. Era de se esperar: na política desde os anos 70, o casal Bill e Hillary Clinton está entre os maiores arrecadadores de doações a história das eleições norte-americanas.
Surpresa foi o valor alcançado por Obama, em seu primeiro mandato no Congresso: US$ 26 milhões, ou o dobro do que arrecadaram no mesmo período o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani e o senador John McCain (Arizona), respectivamente primeiro e segundo colocados nas pesquisas entre os pré-candidatos do Partido Republicano.


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