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Democratas se unem contra Bush em debate
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
No primeiro debate da corrida presidencial de 2008, oito
pré-candidatos democratas
evitaram ataques entre si e escolheram George W. Bush como alvo seguro, especialmente
a condução que o governo vem
dando à Guerra do Iraque. "Essa guerra não é nossa", disse
Hillary Clinton, logo no começo. "O povo americano falou,
republicanos e democratas,
que é hora de acabar com essa
guerra", concordou Barack
Obama, a seguir.
O encontro, histórico por
acontecer a 18 meses do pleito,
sendo assim o mais precoce da
história das eleições presidenciais norte-americanas, reuniu
os dois senadores mais o ex-senador John Edwards, os três
primeiros colocados nas pesquisas de eleições de votos, e
outros cinco nomes desconhecidos do grande público, como
o ex-senador Mike Gravel e o
congressista Dennis Kucinich.
Descontraídos, enquanto falavam de questões que iam do
massacre na Virgínia à recente
decisão da Suprema Corte que
fortalece grupos antiaborto
(todos criticaram), os pré-candidatos se chamavam pelo primeiro nome, e não por sobrenome e posição, como é praxe
nesse tipo de evento. O formato, realizado na Universidade
Estadual da Carolina do Sul, em
Orangeburg, ajudou no clima.
O mediador, o âncora Brian
Williams, da NBC, pedia que os
políticos se posicionassem em
relação a questões com um levantar de mãos. Foi assim
quando perguntou quem tinha
arma em casa (quatro minoritários levantaram as mãos) e
quem era a favor do impeachment do vice-presidente Dick
Cheney (apenas Kucinich, autor da idéia).
O confronto direto entre Hillary e Obama, esperado por
analistas políticos, acabou não
acontecendo. Agora, espera-se
que, com o passar do tempo e a
consolidação dos nomes, novos
debates chamem apenas os
mais bem colocados. "Vai ser
difícil manter esse formato de
múltiplos candidatos", prescreveu o estrategista político democrata James Carville.
Obama dispara
Se fossem hoje as primárias,
Hillary estaria virtualmente
empatada com Obama. Segundo pesquisa de intenção de voto
entre democratas e simpatizantes do partido feita pelo
"Wall Street Journal" e a emissora NBC, diminuiu de 12 para
5 pontos percentuais a diferença entre os dois senadores.
Há um mês, a ex-primeira-dama estava isolada em primeiro, com 40%, segundo o levantamento; agora, caiu para 36%.
No mesmo período, o senador
novato pulou de um distante
28% para um ameaçador 31%
-a pesquisa tem margem de
erro de 3,1 pontos percentuais.
Primárias são o processo pelo
qual cada partido majoritário
escolhe seu candidato para disputar as eleições nos EUA.
Arrecadação
Barack Obama deve sua ascensão a dois fatores: a impressionante quantidade de dinheiro em doações que conseguiu
levantar no primeiro trimestre
do ano, um indicador de que o
establishment norte-americano leva sua candidatura a sério;
e o câncer da mulher do terceiro colocado, o ex-senador John
Edwards, que angariou simpatia para sua candidatura e ajudou a roubar pontos de Hillary.
A senadora levantou US$ 36
milhões, um recorde histórico.
Era de se esperar: na política
desde os anos 70, o casal Bill e
Hillary Clinton está entre os
maiores arrecadadores de doações a história das eleições norte-americanas.
Surpresa foi o valor alcançado por Obama, em seu primeiro
mandato no Congresso: US$ 26
milhões, ou o dobro do que arrecadaram no mesmo período
o ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani e o senador
John McCain (Arizona), respectivamente primeiro e segundo colocados nas pesquisas
entre os pré-candidatos do Partido Republicano.
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