São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Pressões anulam debate de Royal com Bayrou

Emissora alega que socialista teria mais tempo na TV

DA REDAÇÃO

Foi ontem cancelado o debate marcado para este sábado entre a candidata presidencial socialista na França, Ségolène Royal, e o terceiro colocado do primeiro turno, François Bayrou, desclassificado para a votação final do próximo dia 6.
A emissora que transmitiria o encontro, o Canal +, recuou sob o argumento de que o evento contrariaria o dispositivo do Conselho Superior do Audiovisual, que supervisiona, em período eleitoral, a distribuição eqüitativa de tempo de exposição dos candidatos.
A agência Reuters procurou o conselho, que disse não ter dado instrução relativa à não-transmissão do debate.
Royal havia proposto a Bayrou um encontro diante de jornalistas para "esclarecer alguns pontos". Se ocorresse, o evento a beneficiaria, já que ela está interessada em atrair o maior número possível dos 6,8 milhões de votos obtidos por Bayrou. Seria a única maneira de superar a inferioridade que as pesquisas já lhe dão diante do finalista do bloco de centro-direita, Nicolas Sarkozy.
Primeiramente, Royal sugeriu que o debate ocorresse durante uma entrevista já agendada para hoje com o sindicato das empresas jornalísticas do interior da França. A entidade, no entanto, rejeitou a oferta, sem explicitar motivos.
A própria Royal, no entanto, afirmou ontem que o presidente do sindicato esteve pela manhã com Sarkozy, numa clara insinuação de que estava montado um jogo de pressões de seu adversário. Em seguida, com a recusa do Canal +, um dos dirigentes da campanha socialista, o ex-ministro da Cultura Jack Lang, afirmou que Sarkozy está usando "o mesmo rolo compressor" que adotará caso se eleja presidente.
Bayrou, embora se apresentasse aos eleitores como "o candidato do centro", tem um passado ancorado à direita. Mas Sarkozy é para ele um desafeto pessoal. Além disso, aliados de Bayrou são pressionados em seus distritos eleitorais por aliados de Sarkozy, num mecanismo em que estes últimos estão em situação de força para as eleições legislativas de junho.
Bayrou declarou nesta semana que divergia tanto de Sarkozy quanto de Royal e disse que não orientaria o voto de seus eleitores. Mas foi mais simpático com a socialista.
Impossibilitado de apoiá-la, Bayrou é exortado a emitir "gestos" na direção dela. Um dos arquitetos dessa operação é Daniel Cohn-Bendit, um dos líderes das barricadas estudantis de Maio de 1968, hoje deputado europeu pelo Partido Verde da Alemanha, e que é, ao mesmo tempo, amigo de François Bayrou e assessor informal da campanha de Ségolène Royal.


Com agências internacionais


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