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Pressões anulam debate de Royal com Bayrou
Emissora alega que socialista teria mais tempo na TV
DA REDAÇÃO
Foi ontem cancelado o debate marcado para este sábado
entre a candidata presidencial
socialista na França, Ségolène
Royal, e o terceiro colocado do
primeiro turno, François Bayrou, desclassificado para a votação final do próximo dia 6.
A emissora que transmitiria
o encontro, o Canal +, recuou
sob o argumento de que o evento contrariaria o dispositivo do
Conselho Superior do Audiovisual, que supervisiona, em período eleitoral, a distribuição
eqüitativa de tempo de exposição dos candidatos.
A agência Reuters procurou
o conselho, que disse não ter
dado instrução relativa à não-transmissão do debate.
Royal havia proposto a Bayrou um encontro diante de jornalistas para "esclarecer alguns
pontos". Se ocorresse, o evento
a beneficiaria, já que ela está interessada em atrair o maior número possível dos 6,8 milhões
de votos obtidos por Bayrou.
Seria a única maneira de superar a inferioridade que as pesquisas já lhe dão diante do finalista do bloco de centro-direita,
Nicolas Sarkozy.
Primeiramente, Royal sugeriu que o debate ocorresse durante uma entrevista já agendada para hoje com o sindicato
das empresas jornalísticas do
interior da França. A entidade,
no entanto, rejeitou a oferta,
sem explicitar motivos.
A própria Royal, no entanto,
afirmou ontem que o presidente do sindicato esteve pela manhã com Sarkozy, numa clara
insinuação de que estava montado um jogo de pressões de seu
adversário. Em seguida, com a
recusa do Canal +, um dos dirigentes da campanha socialista,
o ex-ministro da Cultura Jack
Lang, afirmou que Sarkozy está
usando "o mesmo rolo compressor" que adotará caso se
eleja presidente.
Bayrou, embora se apresentasse aos eleitores como "o candidato do centro", tem um passado ancorado à direita. Mas
Sarkozy é para ele um desafeto
pessoal. Além disso, aliados de
Bayrou são pressionados em
seus distritos eleitorais por
aliados de Sarkozy, num mecanismo em que estes últimos estão em situação de força para as
eleições legislativas de junho.
Bayrou declarou nesta semana que divergia tanto de Sarkozy quanto de Royal e disse
que não orientaria o voto de
seus eleitores. Mas foi mais
simpático com a socialista.
Impossibilitado de apoiá-la,
Bayrou é exortado a emitir
"gestos" na direção dela. Um
dos arquitetos dessa operação é
Daniel Cohn-Bendit, um dos líderes das barricadas estudantis
de Maio de 1968, hoje deputado
europeu pelo Partido Verde da
Alemanha, e que é, ao mesmo
tempo, amigo de François Bayrou e assessor informal da campanha de Ségolène Royal.
Com agências internacionais
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