São Paulo, segunda-feira, 27 de maio de 2002

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GUERRA SEM LIMITES

Medida violaria direito de privacidade

NY fotografa turistas e compara a imagens de suspeitos de terrorismo

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A partir de hoje, todos os turistas que forem à Estátua da Liberdade, em Nova York, terão o rosto fotografado e comparado com uma base de imagens de suspeitos e acusados de terrorismo pelo FBI enquanto visitam o monumento. A iniciativa é inédita no país e já causa polêmica, por ferir o direito de privacidade garantido pela Constituição dos EUA.
A medida vale para os que vão à ilha da Liberdade, onde fica a estátua, fechada para visitação pública desde o dia 11 de setembro, e para sua vizinha, a Ellis Island, que abriga o Museu da Imigração. Ambas as balsas que ligam Manhattan às ilhas já trazem uma placa com o aviso da polícia federal norte-americana de que o sistema está sendo usado.
"Vamos ver se funciona e então poderemos expandir seu uso para outros pontos da cidade", disse no sábado o governador do Estado, George Pataki, que visitava a ilha da Liberdade com sua família como prova de que os monumentos turísticos da cidade não corriam perigo, diferentemente do que defendia alerta do FBI divulgado dias antes.
A tecnologia, desenvolvida pela empresa Visionics, de Jersey City (Estado de Nova Jersey), já havia sido testada na final do campeonato de futebol americano de 2001, ocasião em que recebeu as primeiras críticas, já que os torcedores não foram previamente avisados de que seriam checados.
Além disso, o sistema não é à prova de falhas, o que pode causar detenções e constrangimentos desnecessários. "É um ação sem eficácia e um insulto ao povo americano", disse a ONG União Americana das Liberdades Civis.
Aos alertas da última semana veio se somar o mais recente, divulgado no sábado. Segundo o FBI, terroristas poderiam fazer uso de aviões de pequeno porte em ataques futuros. É o quarto aviso do gênero nos últimos sete dias.
Críticos da Casa Branca acreditam que a nova política de divulgação de qualquer ameaça, por menores que sejam os indícios, visa evitar o constrangimento causado por revelação da imprensa de que membros do governo foram avisados antes de 11 de setembro da possibilidade de a Al Qaeda usar aviões em ataques.
Os avisos, mais o fato de que hoje é feriado nacional norte-americano, deixaram o país em alerta. É o primeiro Dia da Memória celebrado depois de 11 de setembro e o primeiro também em que as vítimas do ataque terrorista serão homenageadas junto com os mortos do país em guerras.
Ontem, ainda, o jornal "The New York Times" trouxe extensa reportagem de capa segundo a qual a maior parte dos mortos no World Trade Center no dia 11 de setembro estava nos andares mais altos dos dois prédios. Segundo o levantamento, 69% das 2.823 vítimas se encontravam nos últimos 19 andares da torre norte e nos últimos 33 da torre sul.


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