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PROCESSO DE PAZ
Viagem do presidente, primeira à região desde a posse, serviria para impulsionar retomada de diálogo
Bush deve visitar Oriente Médio em junho
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O presidente dos EUA, George
W. Bush, deve se encontrar no
início de junho com os premiês de
Israel, Ariel Sharon, e da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
Abu Mazen.
A Casa Branca enviou ontem adidos à Jordânia e ao Egito para
preparar a viagem, a primeira de Bush à região como presidente.
Além da reunião com os dois, Bush planeja se encontrar também com outras lideranças do Oriente Médio.
O mais provável é que o encontro ocorra na Jordânia. Depois,
Bush deverá ir ao Egito, onde planeja se reunir com o presidente
Hosni Mubarak e com os líderes da Arábia Saudita e da Jordânia.
A agenda da viagem deve ser divulgada nos próximos dias.
Bush vai discutir com Sharon e Mazen detalhes do novo plano de
paz proposto por EUA, ONU, União Européia e Rússia. O gabinete de Israel aprovou anteontem condicionalmente o plano, que
prevê a constituição de um Estado
palestino até 2005.
Sharon defendeu enfaticamente
o plano ontem e qualificou, pela
primeira vez, como "ocupação"
as colônias na Cisjordânia e na
faixa de Gaza, das quais foi um
dos principais incentivadores.
Em resposta a ataques da direita
de seu partido, o Likud, Sharon
disse que a manutenção da situação atual na região "não pode
continuar indefinidamente".
"Manter 3,5 milhões de pessoas
sob ocupação é ruim para nós e
para eles", afirmou. "Quero dizer
claramente que temos de chegar a
um acordo."
Bush deve ir ao Oriente Médio
ao final de um roteiro de viagens
que começa na sexta-feira. Ele visitará a Polônia, a Rússia e a França, onde participa da reunião do G-8 (grupo dos sete países mais
ricos do mundo mais a Rússia).
Nos próximos dias, poderá ocorrer ainda uma reunião entre
Sharon e Mazen. Depois do último encontro dos dois, em 18 de
maio, cinco ações de terroristas suicidas palestinos mataram 12 israelenses.
Bush pressiona Israel a retomar o diálogo com os palestinos desde
o início da guerra contra o Iraque.
Na visão da Casa Branca, a anuência de Sharon é mais um
passo para a consolidação dos planos dos EUA de "pacificar" o
Oriente Médio e tentar reduzir
ações terroristas.
O plano de paz também é caro
ao premiê britânico, Tony Blair,
principal aliado de Bush na guerra contra o Iraque.
Analistas americanos acreditam, no entanto, que o empenho
de Sharon -que tem relação pessoal com Bush- para consolidar
o plano pode não ir muito longe
se novos atentados contra Israel
ocorrerem nos próximos meses.
A primeira fase do plano requer
que os palestinos abandonem
ações terroristas contra alvos israelenses e que Israel congele a
construção de colônias na Cisjordânia e em Gaza. A ocupação, que
sempre teve o apoio declarado de
Sharon, começou após a guerra
árabe-israelense de 1967.
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