UOL


São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2003

Próximo Texto | Índice

PROCESSO DE PAZ

Viagem do presidente, primeira à região desde a posse, serviria para impulsionar retomada de diálogo

Bush deve visitar Oriente Médio em junho

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, George W. Bush, deve se encontrar no início de junho com os premiês de Israel, Ariel Sharon, e da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Abu Mazen.
A Casa Branca enviou ontem adidos à Jordânia e ao Egito para preparar a viagem, a primeira de Bush à região como presidente. Além da reunião com os dois, Bush planeja se encontrar também com outras lideranças do Oriente Médio.
O mais provável é que o encontro ocorra na Jordânia. Depois, Bush deverá ir ao Egito, onde planeja se reunir com o presidente Hosni Mubarak e com os líderes da Arábia Saudita e da Jordânia.
A agenda da viagem deve ser divulgada nos próximos dias.
Bush vai discutir com Sharon e Mazen detalhes do novo plano de paz proposto por EUA, ONU, União Européia e Rússia. O gabinete de Israel aprovou anteontem condicionalmente o plano, que prevê a constituição de um Estado palestino até 2005.
Sharon defendeu enfaticamente o plano ontem e qualificou, pela primeira vez, como "ocupação" as colônias na Cisjordânia e na faixa de Gaza, das quais foi um dos principais incentivadores.
Em resposta a ataques da direita de seu partido, o Likud, Sharon disse que a manutenção da situação atual na região "não pode continuar indefinidamente". "Manter 3,5 milhões de pessoas sob ocupação é ruim para nós e para eles", afirmou. "Quero dizer claramente que temos de chegar a um acordo."
Bush deve ir ao Oriente Médio ao final de um roteiro de viagens que começa na sexta-feira. Ele visitará a Polônia, a Rússia e a França, onde participa da reunião do G-8 (grupo dos sete países mais ricos do mundo mais a Rússia).
Nos próximos dias, poderá ocorrer ainda uma reunião entre Sharon e Mazen. Depois do último encontro dos dois, em 18 de maio, cinco ações de terroristas suicidas palestinos mataram 12 israelenses.
Bush pressiona Israel a retomar o diálogo com os palestinos desde o início da guerra contra o Iraque.
Na visão da Casa Branca, a anuência de Sharon é mais um passo para a consolidação dos planos dos EUA de "pacificar" o Oriente Médio e tentar reduzir ações terroristas.
O plano de paz também é caro ao premiê britânico, Tony Blair, principal aliado de Bush na guerra contra o Iraque.
Analistas americanos acreditam, no entanto, que o empenho de Sharon -que tem relação pessoal com Bush- para consolidar o plano pode não ir muito longe se novos atentados contra Israel ocorrerem nos próximos meses.
A primeira fase do plano requer que os palestinos abandonem ações terroristas contra alvos israelenses e que Israel congele a construção de colônias na Cisjordânia e em Gaza. A ocupação, que sempre teve o apoio declarado de Sharon, começou após a guerra árabe-israelense de 1967.


Próximo Texto: Furando o cerco: Villepin vê Arafat; Jihad condena plano
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.