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DESENVOLVIMENTO SOCIAL
ONU pede que países ricos abram mais seus mercados e perdoem a dívida dos Estados pobres
Política de ajuda a países pobres fracassa
ELIF KABAN
DA "REUTERS", EM GENEBRA
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas),
Kofi Annan, exortou ontem os
países desenvolvidos a intensificar seus esforços no sentido de
aliviar a penúria dos países pobres, abrindo seus mercados a
produtos provenientes desses
países e aperfeiçoando sua política de ajuda a países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
O número de pessoas em todo o
mundo vivendo com menos de
US$ 1 por dia cresceu 20% entre
1995 e 2000, passando de 1 bilhão
para 1,2 bilhão. No mesmo intervalo de tempo, a população mundial total aumentou em apenas
cerca de 6,9%.
Porém, o discurso de Annan foi
eclipsado pelo reconhecimento
dos países ricos de que pouco foi
feito nos últimos anos para diminuir a pobreza mundial e por reclamações de países pobres.
"Os países ricos têm um papel
indispensável a desempenhar,
pois podem abrir ainda mais seus
mercados, perdoar parte ou toda
a dívida externa dos países pobres
e aperfeiçoar suas políticas de ajuda ao desenvolvimento", afirmou
Annan, numa sessão especial da
Assembléia Geral da ONU, em
Genebra (Suíça), que estuda os
avanços feitos desde a conferência
da organização sobre o desenvolvimento social, ocorrida na Dinamarca, em 1995. Essa sessão precedeu a abertura da cúpula sobre
desenvolvimento social deste ano.
"Em 15 anos, ainda haverá dezenas de milhões de crianças que
não frequentam escolas? Regiões
inteiras do mundo e grandes grupos de pessoas, até mesmo em sociedades ricas, ainda estarão condenados a viver à margem da economia global?", perguntou.
Annan discursou pouco antes
da divulgação de um relatório de
autoria de ONU, Banco Mundial,
Fundo Monetário Internacional e
Organização para a Cooperação e
o Desenvolvimento Econômico,
que exorta que o número de pobres no mundo seja diminuído
em 50% até 2015.
O estudo afirma que, em todo o
mundo, 113 milhões de crianças
menores de 10 anos não frequentam escolas e que, em famílias pobres, menos meninas do que meninos têm acesso a ensino básico.
O levantamento também diz
que os índices de mortalidade
materna continuam muito altos
na África, enquanto os progressos
na redução dos níveis de mortalidade infantil, para crianças com
menos de 5 anos, foram menores
na década de 90, depois de os índices terem diminuído em 50%
nas três décadas anteriores.
A reunião que acontece em Genebra deve aprovar um plano de
ação a ser apresentado durante a
cúpula do milênio da ONU, que
será realizada em setembro e reunirá presidentes e premiês de vários países do mundo.
Objetivos não atingidos
Annan sustentou que os países
ricos haviam estipulado o objetivo de fornecer 0,7% de seu Produto Nacional Bruto a fundos de auxílio ao desenvolvimento, mas
que poucos países atingiram a
meta estipulada.
Um funcionário do Banco
Mundial afirmou que o crescimento da pobreza não será diminuído, se organizações internacionais e países ricos não agirem
nesse sentido com mais eficiência.
"Nossos compromissos não foram cumpridos. Poderíamos ter
feito mais e melhor", reconheceu
o primeiro-ministro dinamarquês, Poul Nyrup Rasmussen.
O administrador do PNUD
(Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento), Mark
Malloch Brown, afirmou que o
objetivo do estudo divulgado ontem é criar "uma prática anual de
supervisão dos avanços, para garantir que questões sobre o desenvolvimento social serão tratadas".
Porém, apenas alguns poucos
chefes de Estado estarão presentes à cúpula de Genebra, contrastando com os mais de 120 que estiveram em Copenhague (Dinamarca) cinco anos atrás.
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