São Paulo, terça-feira, 27 de junho de 2000


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DESENVOLVIMENTO SOCIAL
ONU pede que países ricos abram mais seus mercados e perdoem a dívida dos Estados pobres
Política de ajuda a países pobres fracassa

ELIF KABAN
DA "REUTERS", EM GENEBRA


O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, exortou ontem os países desenvolvidos a intensificar seus esforços no sentido de aliviar a penúria dos países pobres, abrindo seus mercados a produtos provenientes desses países e aperfeiçoando sua política de ajuda a países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
O número de pessoas em todo o mundo vivendo com menos de US$ 1 por dia cresceu 20% entre 1995 e 2000, passando de 1 bilhão para 1,2 bilhão. No mesmo intervalo de tempo, a população mundial total aumentou em apenas cerca de 6,9%.
Porém, o discurso de Annan foi eclipsado pelo reconhecimento dos países ricos de que pouco foi feito nos últimos anos para diminuir a pobreza mundial e por reclamações de países pobres.
"Os países ricos têm um papel indispensável a desempenhar, pois podem abrir ainda mais seus mercados, perdoar parte ou toda a dívida externa dos países pobres e aperfeiçoar suas políticas de ajuda ao desenvolvimento", afirmou Annan, numa sessão especial da Assembléia Geral da ONU, em Genebra (Suíça), que estuda os avanços feitos desde a conferência da organização sobre o desenvolvimento social, ocorrida na Dinamarca, em 1995. Essa sessão precedeu a abertura da cúpula sobre desenvolvimento social deste ano.
"Em 15 anos, ainda haverá dezenas de milhões de crianças que não frequentam escolas? Regiões inteiras do mundo e grandes grupos de pessoas, até mesmo em sociedades ricas, ainda estarão condenados a viver à margem da economia global?", perguntou.
Annan discursou pouco antes da divulgação de um relatório de autoria de ONU, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que exorta que o número de pobres no mundo seja diminuído em 50% até 2015.
O estudo afirma que, em todo o mundo, 113 milhões de crianças menores de 10 anos não frequentam escolas e que, em famílias pobres, menos meninas do que meninos têm acesso a ensino básico.
O levantamento também diz que os índices de mortalidade materna continuam muito altos na África, enquanto os progressos na redução dos níveis de mortalidade infantil, para crianças com menos de 5 anos, foram menores na década de 90, depois de os índices terem diminuído em 50% nas três décadas anteriores.
A reunião que acontece em Genebra deve aprovar um plano de ação a ser apresentado durante a cúpula do milênio da ONU, que será realizada em setembro e reunirá presidentes e premiês de vários países do mundo.

Objetivos não atingidos
Annan sustentou que os países ricos haviam estipulado o objetivo de fornecer 0,7% de seu Produto Nacional Bruto a fundos de auxílio ao desenvolvimento, mas que poucos países atingiram a meta estipulada.
Um funcionário do Banco Mundial afirmou que o crescimento da pobreza não será diminuído, se organizações internacionais e países ricos não agirem nesse sentido com mais eficiência.
"Nossos compromissos não foram cumpridos. Poderíamos ter feito mais e melhor", reconheceu o primeiro-ministro dinamarquês, Poul Nyrup Rasmussen.
O administrador do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Mark Malloch Brown, afirmou que o objetivo do estudo divulgado ontem é criar "uma prática anual de supervisão dos avanços, para garantir que questões sobre o desenvolvimento social serão tratadas".
Porém, apenas alguns poucos chefes de Estado estarão presentes à cúpula de Genebra, contrastando com os mais de 120 que estiveram em Copenhague (Dinamarca) cinco anos atrás.


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