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Exxon e Conoco deixam principal campo da Venezuela
Companhias americanas não chegaram a acordo com o governo sobre associações para explorar faixa do Orinoco
Reserva é a maior do mundo de petróleo pesado; quatro outras multinacionais fecharam novos contratos com a estatal PDVSA
DA REDAÇÃO
A Venezuela anunciou ontem que as gigantes petrolíferas americanas ConocoPhillips
e Exxon Mobil não chegaram a
um acordo com a estatal
PDVSA e deixarão de explorar a
faixa do Orinoco, a maior reserva de petróleo não convencional (ultrapesado) do mundo.
As companhias foram as únicas multinacionais, de um grupo de seis, a não assinar os novos contratos pelos quais as petrolíferas se tornaram sócias
minoritárias -um decreto do
presidente Hugo Chávez ordenou que a PDVSA deve ter ao
menos 60% de participação na
exploração do Orinoco.
A americana Chevron, a British Petroleum, a francesa Total e a norueguesa Statoil aceitaram as condições impostas
por Chávez.
Nos novos contratos, a participação da PDVSA subiu, em
média, de 40% para 78% nas
"associações estratégicas" que
atuam no Orinoco.
Exxon e Conoco podem negociar com o governo compensação pelos investimentos já
feitos no país ou levar a Venezuela a tribunais internacionais de arbitragem.
A Conoco era a maior exploradora privada no Orinoco,
com participação em dois projetos (40% da empresa Ameriven e 50,1% da empresa Petrozuata). A Exxon tinha 41,7% da
empresa Cerro Negro.
Além de deixar o Orinoco,
com a decisão de ontem a Exxon também pode passar ao governo seus demais negócios no
país, incluindo a exploração de
risco em Maracaibo.
No caso da Conoco, a companhia deve manter a exploração
do campo de gás natural de Deltana, mas passará os 74% que
detém na exploração offshore
(no mar) de Corocoro para a
PDVSA, além de outros campos
de petróleo pesado.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Energia venezuelano e também presidente
da PDVSA, Rafael Ramírez.
"Exxon e Conoco terminam
sua participação no Orinoco, e
já conversamos para continuar
negociando para estabelecer os
acertos necessários", afirmou.
"Já veremos a que tipo de acordo podemos chegar."
As companhias americanas
"lamentaram" o desfecho das
conversas ontem, mas reiteraram que continuam conversando com o governo.
Dois meses
Segundo Ramírez, terminou
ontem o prazo para que o governo comunicasse à Assembléia Nacional o novo desenho
societário da exploração no
Orinoco, mas há um período de
dois meses para "trabalhar os
detalhes da parceria". As seis
multinacionais que exploravam até ontem a região investiram juntas US$ 17 bilhões.
A análise de especialistas do
setor era de que não era vantajoso para nenhuma das partes,
governo ou companhias, uma
falência nas negociações. Do
ponto de vista das empresas,
além do montante investido, as
perspectivas do negócio são
atraentes: exploração de 200
anos, segundo o governo. Já
Chávez, sem a multinacionais,
não contaria com know-how
para levar adiante o trabalho.
Agora, com a desistência das
duas gigantes, mas com "sim"
de outras quatro multinacionais, o cenário é incerto. As que
ficaram poderiam ocupar o vácuo. Abre-se ainda a possibilidade de Chávez buscar novos
parceiros, como a China.
Com agências internacionais
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