São Paulo, quarta-feira, 27 de junho de 2007

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Exxon e Conoco deixam principal campo da Venezuela

Companhias americanas não chegaram a acordo com o governo sobre associações para explorar faixa do Orinoco

Reserva é a maior do mundo de petróleo pesado; quatro outras multinacionais fecharam novos contratos com a estatal PDVSA

DA REDAÇÃO

A Venezuela anunciou ontem que as gigantes petrolíferas americanas ConocoPhillips e Exxon Mobil não chegaram a um acordo com a estatal PDVSA e deixarão de explorar a faixa do Orinoco, a maior reserva de petróleo não convencional (ultrapesado) do mundo.
As companhias foram as únicas multinacionais, de um grupo de seis, a não assinar os novos contratos pelos quais as petrolíferas se tornaram sócias minoritárias -um decreto do presidente Hugo Chávez ordenou que a PDVSA deve ter ao menos 60% de participação na exploração do Orinoco.
A americana Chevron, a British Petroleum, a francesa Total e a norueguesa Statoil aceitaram as condições impostas por Chávez.
Nos novos contratos, a participação da PDVSA subiu, em média, de 40% para 78% nas "associações estratégicas" que atuam no Orinoco.
Exxon e Conoco podem negociar com o governo compensação pelos investimentos já feitos no país ou levar a Venezuela a tribunais internacionais de arbitragem.
A Conoco era a maior exploradora privada no Orinoco, com participação em dois projetos (40% da empresa Ameriven e 50,1% da empresa Petrozuata). A Exxon tinha 41,7% da empresa Cerro Negro.
Além de deixar o Orinoco, com a decisão de ontem a Exxon também pode passar ao governo seus demais negócios no país, incluindo a exploração de risco em Maracaibo.
No caso da Conoco, a companhia deve manter a exploração do campo de gás natural de Deltana, mas passará os 74% que detém na exploração offshore (no mar) de Corocoro para a PDVSA, além de outros campos de petróleo pesado.
O anúncio foi feito ontem pelo ministro da Energia venezuelano e também presidente da PDVSA, Rafael Ramírez. "Exxon e Conoco terminam sua participação no Orinoco, e já conversamos para continuar negociando para estabelecer os acertos necessários", afirmou. "Já veremos a que tipo de acordo podemos chegar."
As companhias americanas "lamentaram" o desfecho das conversas ontem, mas reiteraram que continuam conversando com o governo.

Dois meses
Segundo Ramírez, terminou ontem o prazo para que o governo comunicasse à Assembléia Nacional o novo desenho societário da exploração no Orinoco, mas há um período de dois meses para "trabalhar os detalhes da parceria". As seis multinacionais que exploravam até ontem a região investiram juntas US$ 17 bilhões.
A análise de especialistas do setor era de que não era vantajoso para nenhuma das partes, governo ou companhias, uma falência nas negociações. Do ponto de vista das empresas, além do montante investido, as perspectivas do negócio são atraentes: exploração de 200 anos, segundo o governo. Já Chávez, sem a multinacionais, não contaria com know-how para levar adiante o trabalho.
Agora, com a desistência das duas gigantes, mas com "sim" de outras quatro multinacionais, o cenário é incerto. As que ficaram poderiam ocupar o vácuo. Abre-se ainda a possibilidade de Chávez buscar novos parceiros, como a China.


Com agências internacionais


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