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Presidente chinês promete "dar mais poder ao povo"
Discurso antecipa debate sobre "democracia" que marcará o congresso do PC
Apesar da retórica reformista, Hu Jintao reafirma que mudanças políticas manterão a supremacia comunista
RICHARD MCGREGOR
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM
Hu Jintao, presidente da
China, prometeu ontem que as
reformas econômicas e políticas continuarão no país. O discurso antecipou os temas que
dominarão o próximo congresso do Partido Comunista, que
no segundo semestre confirmará a liderança de Hu pelos
próximos cinco anos.
Mas o presidente chinês disse que quaisquer reformas precisam ser conduzidas "na direção correta", sob a orientação
do partido dominante. "Precisamos manter a liderança do
partido, dar mais poder ao povo
e governar o país de acordo com
a lei", disse Hu aos membros do
Birô Político, o órgão central do
partido, na escola central da
agremiação em Pequim.
Embora sustentar a supremacia do regime de partido
único em um discurso no qual
elogiou a primazia da lei possa
parecer contraditório, Hu e intelectuais do partido insistem
em que a China está construindo uma versão própria de "democracia", sob o domínio dos
comunistas.
Em um eco das democracias
ocidentais, Hu disse que "devemos desenvolver [o país] para o
povo e pelo povo; e os frutos de
nosso desenvolvimento devem
ser compartilhados por todo o
povo". Ele afirmou ainda que os
"canais" democráticos do partido precisam ser expandidos, algo que já está sendo colocado
em prática pelo aumento do
número de filiados que têm o
direito de votar nas eleições locais do partido.
Hu também prometeu manter sua política de "desenvolvimento científico", expressão
que todos os funcionários do
governo agora empregam e que
os acadêmicos locais dizem servir como código para designar
um compromisso com um novo
modelo de desenvolvimento.
Em lugar do modelo de "desenvolvimento a qualquer custo", o
"desenvolvimento científico"
estipula que "os custos ambientais e sociais" devem receber
mais atenção.
Para analistas, o discurso representa uma rejeição aos conservadores do partido, que esperavam uma posição mais esquerdista da parte de Hu.
"Isso significa que o direcionamento geral, em termos de
globalização, abertura ao exterior e maior dependência do
mercado, não será sacrificado",
disse Ding Xueliang, da Fundação Carnegie para a Paz Internacional em Pequim.
Igualmente importante para
a economia será a indicação no
congresso de três ou possivelmente quatro primeiros-ministros assistentes, responsáveis por boa parte das diretivas
do dia-a-dia. Hu pediu por
maiores esforços para superar
a corrupção endêmica. Os comitês partidários em todos os
níveis precisam reconhecer a
"natureza de longo prazo, a dificuldade e a complexidade"
dessa batalha, ele afirmou.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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